Acho que fui uma das últimas pessoas que conheço a assistir essa continuação do filme de 2006. Mas isso só aconteceu porque inventei que precisava vê-lo nos cinemas para poder ter aquela experiência em 3D. Porque teve gente que assistiu em outros países, outras pessoas baixaram pirata e eu até tive a oportunidade de ver na Netflix estadunidense. Mas não. Tinha que ser em 3D no cinema.
O filme começa com o personagem Chris Da Silva mudando de lugar em lugar dos Estados Unidos com sua filha Sharon, a menina do primeiro filme, para fugir de alguma coisa que os está caçando. Ela tem sonhos constantes com a cidade Silent Hill e uma seita que a procura. Até que, em uma nova cidade, seus perseguidores capturam seu pai e Sharon tem que ir para Silent Hill salvá-lo.
Esse é um daqueles filmes com os quais não consigo ser objetivo. Sou um grande fã dos jogos de videogame e do primeiro filme e não conseguia me afastar muito desse ponto de vista. Houve coisas dessa continuação que eu gostei e depois de alguma reflexão percebi que não fazem sentido para quem não conhece aquele universo.
Por exemplo, o final termina com nada menos que três ganchos para continuações. Tem um cara procurando a esposa, um comboio transportando um prisioneiro e um caminhoneiro de passagem pela região. Como fã, eu adorei esses detalhes. Mas eles não estão lá de forma sutil. Muito pelo contrário, tomam tempo e um desenvolvimento de cena que chama demais a atenção. Qualquer pessoa que não conheça a franquia a fundo não vai entender e achará apenas uma cena longa e desnecessária.
O filme usa o primeiro ato para apresentar essa vida de fuga de Sharon e seu pai. Vivem mudando de identidade e se introduzindo em um novo local. Rapidamente conta como diabos a Sharon saiu da dimensão de Silent Hill depois do primeiro filme e porque a mãe não voltou junto. É acelerado e mal construído, com diálogos vergonhosos.
Ao mesmo tempo, Sharon se envolve com um outro garoto que também é novo na cidade. Os diálogos dos dois é sempre sobre as visões malucas que ela tem e mais ninguém consegue ver. Então ele revela estar apaixonado, sem que os dois tenham química ou uma interação decente.
Segue uma porrada de cenas e diálogos que explicam cada pequeno detalhe sobre como Silent Hill e a diferença das dimensões funcionam. Não basta ser ruim pela exposição exagerada, mas é uma deturpação do que é a franquia. Silent Hill não é sobre o que é a cidade e seu funcionamento. É sobre as pessoas que se perdem lá dentro e como a cidade as reflete.
Os monstros são deturpações de conceitos da psiquê humana. O que os faz tão assustadores não é apenas o perigo que representam, mas o que eles representam da personalidade da pessoa que perseguem. A primeira vez em que um deles aparece no primeiro filme é um bebê carbonizado com o rosto expressando tanta dor que deformou a boca tornando-o uma coisa grotesca soltando um grito constante.
Apesar dos monstros aqui terem um tanto disso, o filme não os explora dessa forma. Eles simplesmente ficam dando sustos fáceis. O resultado é um monte de cenas desinteressantes com um monte de coisas correndo pra cá e pra lá enquanto a Sharon se esconde.
O roteiro não ajuda com reviravoltas idiotas fazendo com que os dois personagens se desencontrem e se reúnam sem nenhuma lógica. Em certo ponto ele sai correndo para distrair inimigos e ela conseguir passar por uma parte. Não adianta, ela é capturada e, quando aprisionada, encontra com ele na mesma situação. Literalmente, aquele sacrifício dele não tem função para o desenvolvimento da história.
Também não ajuda ter excelentes atores em papéis sem destaque. O Malcolm McDowell aparece por menos de cinco minutos. A Carrie-Ann Moss fala umas coisas e some também. O Sean Bean tem uma parte expositiva no começo e não consegue sustentar as falas malucas que precisa soltar. A Deborah Kara Unger e a Radha Mitchell reprisam seus papéis com participações ridículas de curtas.
Fica a cargo dos dois protagonistas carregar o filme. Mas a Adelaide Clemens, que faz a Sharon, e o Kit Harrington, o companheiro, são tão ruins que me peguei torcendo para que o eterno Jon Snow morresse. Além de ficar impressionado com o quanto ela é bochechuda, mesmo tendo um rosto que lembra um pouco a Carey Mulligan. Mas ser lembrada por ser parecida com outra pessoa não é um elogio para uma atriz.
Valeu mais pelo 3D que pela sessão chatíssima que tive de experimentar nos cinemas. Caso queira assistir, veja o primeiro, jogue os games, procure pela Netflix americana ou qualquer outra coisa.
Perde ainda mais pontos porque as cópias em 3D vem apenas em versões dubladas. Provavelmente porque dublar um filme 3D é mais barato. Mas a dublagem está mal feita e só piora as interpretações e os diálogos.
ALLONS-YYYYYYYY…
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