Se tem uma escola literária que eu odeio, essa é a do Naturalismo. Houve apenas um livro que eu odiei em minha vida, e esse livro era Casa de Pensão. A ideia por trás da escola é que não existe bondade, honra ou qualquer tipo de benevolência na humanidade. Todo mundo quer fazer sexo e todos se resumem a isso. À vontade carnal. A continuação de Sin City adapta diretamente a história mais naturalista de Frank Miller. Não à toa, uma das piores do autor.
Dwight (Brolin), anos antes dos eventos do primeiro filme, recebe uma chamada de uma ex-namorada, Ava (Green). Ela aparentemente é vítima de uma elaborada trama criminosa criada por seu rico marido e deve ser brutalmente atacada em breve. Enquanto isso, o jovem Johnny (Gordon-Levitt) busca ficar rico em um jogo de pôquer contra os homens mais poderosos de Basin City e Nancy (Alba) busca vingança pela morte de seu amado e protetor.
Frank Miller e Robert Rodriguez se reúnem como diretores para esta continuação. Das três histórias contadas, apenas A Dama Fatal é adaptada de alguma HQ. As outras foram escritas especialmente para o filme pelo próprio Miller, que também é autor e desenhista do material original.
A Dama Fatal. História principal do filme.
Em termos de direção e estética, o filme mantém o estilo do primeiro. Filmado em cores com chroma-key, os cenários e objetos são quase todos criados em computação gráfica para se adaptar ao estilo visual dos quadrinhos de Miller, depois tudo é passado para o preto e branco. Quase todos os enquadramentos são feitos para reproduzir os desenhos de Miller. A ideia é replicar de uma forma exagerada os estilos dos filmes noir. Então as histórias não deixam de se focar em homens sujos, violentos e com um estilo pessoal e deturpado de honra. Obviamente, é sobre esses homens e sobre as mulheres que os fazem ser tão brutais.
Como brincadeira de estilo, Sin City é divertido e belo. Mas é apenas isso, passageiro. Para um único filme funciona muito bem, para dois é repetitivo. Principalmente quando a continuação conta com histórias mais fracas que o original. Especialmente A Dama Fatal, que vai além do típico machismo de Miller e reduz todos os personagens a pedaços de carne sem vontade própria.
Se o primeiro tinha um defeito, este era o tempo dado para cada história. Cada um dos contos que compõem aquele renderiam ótimos filmes isoladamente. O mesmo pode ser dito das histórias deste segundo, tirando o fato de que seriam filmes mais fracos.
A substituição de grande parte do elenco também é muito incômoda. Por mais que o Josh Brolin seja um ótimo ator, vê-lo no papel que foi do Clive Owen é estranho e acaba caindo no ridículo com uma péssima maquiagem no final da sua história. Mickey Rourke, Jessica Alba, Bruce Willis, Rosario Dawson, Jaime King voltam para seus papéis do primeiro filme. Surpreendentemente, quem se destaca do grupo é justamente a Jessica Alba. Talvez seja a melhor interpretação da bela canastrona. Além dela, Eva Green está estonteante e hipnotizante, como sempre, e Joseph Gordon-Levitt acrescenta seu nome e talento ao elenco.
Sin City – A Dama Fatal não conta com a novidade do primeiro filme e ainda tem histórias mais fracas. Sem contar com o conceito de Naturalismo, que apenas me irrita. Vale pela brincadeira de estética para quem não enjoou depois do filme de 2005.
ALLONS-YYYYYYYYYYY…