Na sequência de filmes do movimento ozploitation, vem este Snapshot, que também ficou conhecido como One More Minute (Um Minuto a Mais) e The Day After Halloween (O Dia Depois do Dia das Bruxas) quando foi lançado nos Estados Unidos. Ao contrário de Patrick, que é abertamente um filme de horror, Snapshot se aproxima muito mais de um drama de descoberta feminina.
Angela Bailey (Sigrid Thornton) é uma garota que chegou recentemente aos 19 anos de idade. Ao trabalhar como cabeleireira, conhece a modelo Madaline, que se fascina por ela e arranja um trabalho como modelo para um anúncio. A mãe, muito conservadora, a coloca pra fora de casa e Angela passa a viver no ateliê do fotógrafo do anúncio. Alguém começa a persegui-la enquanto ela tenta fazer a carreira como modelo decolar. Angela não sabe se é alguma figura do passado tradicional ou um dos novos e caricatos conhecidos do universo da moda.
De forma bem simples, Snapshot é sobre uma garota que se descobre uma mulher e precisa pensar se quer deixar a vida pacata de menina correta para trás ou virar a potencial celebridade que carrega dentro de si. Como parte do movimento ozploitation, denota-se o fato de que o filme é sobre libertação sexual e, neste caso, feminina. Existe um mistério sobre quem persegue Angela, mas tudo está relacionado à descoberta pessoal dela.
Madaline vê em Angela o potencial para a fama.
Mas a dualidade drama/terror não combina no filme. Principalmente porque a parte mais verossímil, da vida de celebridade em conflito com os valores familiares, se choca com a parte mais comercial, que remete a filmes de perseguidores obstinados. Entre os estilos, o longa se desequilibra para o drama. Um ex-namorado querido pela família parece estar com um desejo psicótico. A mãe e a irmã a maltratam. O novo colega de casa tem como hobby fotografar animais mortos e parece ter carinho pela foto que tirou dela. O marido da nova amiga a engana para conseguir tirar fotos dela com pouca roupa. Em paralelo, as diversas propostas que todos prometem que chegariam após o anúncio não aparecem.
Tudo faz parte da discussão principal. O mundo de fama envolve pessoas extravagantes e que desafiam os valores com os quais Angela foi criada. Ao mesmo tempo, a vida tradicional de onde ela saiu a oprime e a força a ser menor do que ela é capaz. Existe um julgamento porque se suspeita que ela se descobriu lésbica, porque ganhou muito dinheiro em pouco tempo, porque o anúncio é uma foto dela com os seios expostos. Ela mesma estranha as novidades que acontecem, por mais que ache bom ou curioso.
No final, o suspense se reduz a um monte de cenas interessantes, mas quase incoerentes entre si. Quando se revela quem é o verdadeiro perseguidor, grande parte da ação não faz muito sentido. Mas a escolha final de Angela reflete o que ela descobre através da produção. Da mesma forma que a identidade do perseguidor e as mortes relacionadas à descoberta.
Angela exposta. O ato de descobrir a força interior.
A trilha sonora é uma mistura bizarra de tudo o que havia de peculiar na década de 1970, assim como a direção de arte. A direção em si é modesta, sem grandes momentos. O mesmo pode ser dito da montagem. O destaque vai para o ótimo enredo e para os atores. Principalmente para Sigrid Thornton, que foi aclamada na época por se expor tanto com pouca idade (ela tinha a idade de Angela). A condução é lenta e pode cansar quem estiver com vontade de ver um filme de terror.
Interessante como proposta feminista, ainda mais na década de 1970. Mas a lentidão e o desequilíbrio de estilos incomodam mais do que deveriam em um filme do movimento do qual Snapshot faz parte. Vale pela protagonista, que é tão bela quanto talentosa.
FANTASTIC…
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