A carreira de Ruth Bader Ginsburg (RBG), um dos principais nomes estadunidenses na luta contra a discriminação de gênero na Justiça, é foco de mais uma produção. O filme Suprema, dirigido por Mimi Leder (Impacto Profundo e O Pacificador), retrata a vida da associada da Suprema Corte desde o início dos estudos em Harvard (1956), passando pelo começo da carreira de professora, até a conclusão do caso que deu início à própria luta pelas mulheres nos tribunais. Isso tudo consolidado com a vida de esposa e mãe.
Felicity Jones (A Teoria de Tudo e Rogue One: Uma História Star Wars) está acima da própria média e convence no papel. Armie Hammer (Me Chame Pelo Seu Nome), que interpreta Martin, marido de Ruth, também está bem; mas, como o personagem não tem muita relevância, a atuação provavelmente não será lembrada no futuro. Uma boa participação é a de Kathy Bates (Eclipse Total), que entrega em tela Dorothy Kenyon, outra importante atuante contra a discriminação baseada em gênero.
É interessante acompanhar a fotografia no decorrer do filme. No início, planos de Ginsburg sozinha em meio a diversos homens aparecem com frequência. À medida que o tempo passa na narrativa, a sociedade aos poucos evolui o pensamento precário e machista, então, RBG passa a aparecer entre outras mulheres, apesar do outro gênero continuar com presença forte.
O longa-metragem apresenta uma trajetória muito envolvente, principalmente para as mulheres. Em 120 minutos, o público sente ódio, raiva, repulsa, tristeza, entre outros sentimentos, enquanto acompanha os diversos obstáculos que a personagem principal enfrenta. Toda espectadora, mesmo que em um grau baixo, já passou por algum caso de machismo parecido com os sofridos por Ruth – seja tolerando mansplaining, ouvindo “piadinha” machista ou sendo tratada como um mero objeto de desejo sexual.
Por isso, uma produção como Suprema continua a ser de extrema importância para a cena contemporânea. Apesar de toda a luta exercida pelas mulheres, ainda há muita discriminação de gênero, a nível mundial. Portanto, é sempre relevante lembrar o espectador da situação e fazê-lo refletir. Apesar de não ser um filme grandioso, consegue cumprir esse objetivo e, por isso, merece com certeza a ida ao cinema.