Ouvindo um podcast sobre um filme recente que foi filmado e lançado em 3D, ouvi o seguinte comentário: “Tirei os óculos para testar o 3D.” Não é a primeira vez que eu ouço ou leio comentários do tipo sobre a tecnologia. Então que tal falar um pouco sobre isso.
A noção de profundidade que experimentamos na vida e nos filmes em 3D é feita com duas imagens diferentes chegando para os dois olhos. As imagens são feitas com uma distância de aproximadamente 6 centímetros entre os receptores, sejam eles os olhos ou as câmeras.
Para fotos é fácil, é só criar uma paredinha entre as duas imagens e colocar uma para cada olho. Mas para cinema é mais complicado, uma vez que são milhares de imagens em sequência, projetadas em uma mesma tela. Como fazer com que cada olho receba um filme diferente?
Várias tecnologias surgiram antes para fazer isso funcionar. A atual usa uma tela cristalizada que é capaz de refletir duas frenquências de imagens ao mesmo tempo. As imagens chegam nos dois olhos. Para separá-las, usamos óculos com lentes polarizadas que filtram as frequências e fazem com que cada olho receba uma imagem diferente do outro.
O resultado? A profundidade mais realista que o cinema já conseguiu produzir. O problema é que os óculos escurecem as imagens e incomodam, principalmente quem não tem costume com armações no rosto. Algumas pessoas simplesmente não conseguem lidar com a tecnologia, o número de frames e a simulação de realidade força o cérebro e causa dor de cabeça e incômodo.
Se a pessoa tira os óculos, vê as duas imagens sobrepostas. Leigos confundem com imagem borrada. Quanto maior a profundidade de uma cena, menor a capacidade de identificar os elementos da tela sem os óculos. Daí surgiu o mito de que, se a pessoa tirar os óculos e for capaz de identificar os elementos, o 3D não presta.
Significa apenas que a cena possui menos campo de profundidade. Mas basta colocar os óculos que a pessoa será capaz de ver que existe diferença de campo entre os elementos na tela.
Se você quer verificar a qualidade de um 3D, note se a variação de espaço entre os elementos fazem sentido (Fúria de Titãs apresenta o maior número desse erro), se uma montanha possui profundidade diferente para cada reentrância na rocha (Capitão América possui uma montanha dessas), se uma imagem não vaza para a outra (acontece sempre e na maioria das vezes é erro na distribuição). Infelizmente, para algumas pessoas, tirar os óculos e conseguir identificar o que vê é teste de qualidade.
Tem muito crítico por aí que sequer se dá ao trabalho de entender como a tecnologia funciona e acaba falando besteira.
ALONS-YYYYYYY…