Se você já foi na Disney, deve ter visto a atração Tomorrowland (pelo amor de qualquer coisa, não confunda com a rave). Criada nos anos 1950, ela era um retrato de esperança para o futuro do Walt Disney. Hoje está desatualizada, mas inspirou o roteirista Damon Lindelof e o diretor Brad Bird a tentar inspirar novas gerações para um futuro melhor.
Casey Newton (Britt Robertson) é a filha brilhante de um engenheiro da NASA que descobre um button que a leva para outro mundo quando o toca. Ao seguir as pistas sobre o mesmo, ela encontra uma garota chamada Athena (Raffey Cassidy) e o adulto Frank Walker (George Clooney). Os dois acham que ela é a solução para um grande problema e querem levá-la para o lugar misterioso.
Um baú foi encontrado nos escritórios da Disney com um monte de objetos e planos. Nada parecia fazer muito sentido, mas Damon Lindelof achou interessante tentar criar uma história sobre esperança no futuro. Principalmente em tempos nos quais toda ficção científica fala de distopia e mundos pós-apocalípticos.
Lindelof segue o padrão habitual dele. Coloca os personagens diante de um mistério e dá uma pequena resposta nova a cada curva e cena de ação. No final, passa a mensagem intencionada desde o começo. O que é um problema, porque apenas o final do filme trata do tema central. O resto é só um mistério mal elaborado. Com a necessidade de dar respostas aos poucos, os diálogos ficam expositivos. Os personagens explicam coisas constantemente. Até para pessoas que supostamente já sabem das informações.
Laurie e Clooney. Explicações até no final do filme.
Pessoas que seriam úteis e impediriam que certos perigos ocorressem saem de cena em momentos convenientes para que as cenas de ação tomem conta da produção. Athena se separa dos dois quando eles se conhecem. Segue uma grande cena de ação dos dois contra robôs. Cena que seria resolvida com a presença da menina. Depois ela reaparece, sem explicação para a ausência. Apenas por necessidade do momento de efeitos especiais.
Brad Bird é um grande diretor. Ele sabe fazer cenas muito bem, sem que a noção espacial seja perdida. A montagem é elaboradíssima. Como parte do filme trata de viagens interdimensionais, é preciso um domínio de ritmo e de narrativa muito cuidadoso para que nunca se perca os personagens enquanto estes mudam de local.
O maior pecado do filme, porém, é focar no público infantil. Na tentativa de chamar a atenção dos pequenos e agradá-los, Lindelof e Bird criam situações bobas. Os robôs inimigos são caricaturais. Eles poderiam ser assustadores justamente pela esquisitice, mas parecem apenas falsos. Além de servir para não haver derramamento de sangue quando são destruídos pelos heróis.
Raffey Cassidy. Ótima participação infantil.
George Clooney aparece como uma espécie de Walt Disney super gênio, enquanto o Hugh Laurie faz o alter ego maligno. Duas imagens donas do poder tecnológico, uma representa a esperança e a outra a falta dela. Seria muito interessante se o discurso proferido pelo vilão fosse coerente. A Britt Robertson segura bem o filme até a aparição de Clooney. Depois disso, fica ofuscada pela presença dele. O grande destaque fica com a menina Raffey Cassidy. Carismática e bela, é a razão para a pequena tragédia de Frank. O conflito é, de longe, a melhor parte do filme.
Bela mensagem para os pequenos, se sustenta graças à ação para os adultos. A trama de mistério é horrível, mas o ritmo é bom. Nunca decola como o filme que prometia, mas tampouco tem baixa qualidade. A direção esforçada de Bird garante o mínimo.
GERÔNIMOOOOOOOO…