Assistindo o material extra do blu-ray de Valente redescobri uma coisa que tinha esquecido tem algum tempo. Simpatia com filmes através do esforço das pessoas que os fizeram. Por mais que uma produção resulte ruim, às vezes nos envolvemos com os esforços dos realizadores e através do carinho deles pelos filmes criamos uma boa vontade involuntária.
O crítico e cineasta Fábio Barreto falou em um podcast que esperava que Padre 3D fosse um bom filme. Seus colegas o sacanearam e alguns episódios depois da estreia do filme, recebeu reclamações dos ouvintes. Ele mesmo reconheceu que o filme foi ruim, mas se explicou. Quando entrevistou Scott Stewart, o diretor do filme, antes do lançamento o sujeito foi muito simpático, demonstrou bem claramente seu esforço para tentar fazer um filme de qualidade e sua vontade de acertar. Ao final, Barreto disse que depois do fracasso de Legião, seu primeiro longa, Padre era a última chance de Stewart como diretor.
Barreto começou a torcer pelo filme. Ele tomou simpatia por Stewart, por seus esforços e pelo produto também. Mas como o próprio Barreto disse, infelizmente Padre é um filme ruim.
Scott Stewart tem outro filme pra sair por aí esse ano. Se chama Dark Skies e eu nem sequer tenho vontade de procurar alguma coisa sobre ele, de tanto que Legião e Padre são bobos.
Nos extras de Valente, existem featurettes mostrando toda a equipe do filme viajando para a Escócia para fazer pesquisa e depois usando o material para conseguir recriar o país de forma realista nos ambientes virtuais da animação. Vemos o esfoço para fazer o cabelo da protagonista e a tapeçaria funcionarem. E ainda somos apresentados a todas as transformações e preocupações com a história. São pessoas que amam o que fazem e querem que seja o melhor resultado possível.
Ao final eu tinha criado um novo carinho pelo filme, cujo qual eu já gostava.
Fazer arte é cruel. Você coloca sua alma em algo apostando que será capaz de criar algo significativo para outras pessoas. No caso do Scott Stewart não deu certo. Em Valente, deu certo com algumas pessoas e com outras não.
Esse tipo de coisa acontece várias vezes. Os extras da versão extendida d’O Senhor dos Anéis possuem um pouco mais 20 horas. Sem contar com os comentários em áudio, que são uns três para cada filme. Nesses extras vemos pessoas apaixonadas pelos livros passando por situações inacreditáveis para a realização das adaptações. Os que mais me marcaram foram os dois caras que ficaram literalmente durante todo o período de produção criando os anéis de plástico que substituiriam os anéis de aço das cotas das armaduras dos personagens na trilogia.
Esses dois rapazes passaram praticamente dois anos dentro de uma sala perfurando borracha. Quando aparecem nos extras, dizem que o fizeram com esmero porque tinham paixão por O Senhor dos Anéis. É tanta energia e tempo gasto detalhados nesses documentários que achei mais interessante vê-los que os próprios filmes. Não que eu não goste dos filmes.
Enfim, recomendo sempre assistir extras de filmes. Não só ficamos sabendo mais dos filmes, como nos envolvemos mais e os compreendemos melhor.
GERÔNIMOOOOOOOO…