Após o retorno das polêmicas de abuso sexual envolvendo Woody Allen à mídia, a Amazon cancelou o contrato que tinha com o cineasta, o que atrasou o lançamento de Um Dia de Chuva em Nova York, que agora chega aos cinemas.
Ashleigh (Elle Faning) é uma estudante de jornalismo do interior que consegue agendar uma entrevista com o renomado cineasta Roland Pollard (Liev Schreiber), em Nova York. Então, o excêntrico namorado Gatsby (Timothée Chalamet) planeja aproveitar o restante do tempo para ter uma viagem romântica e apresentar a Big Apple, onde nasceu e morou a maior parte da vida, para ela. No entanto, o envolvimento da jovem com o mundo das estrelas faz com que ele acabe tendo que passar um dia de chuva sozinho, o que o leva a encontrar com pessoas que não via há algum tempo, como um antigo colega e a irmã de uma ex-namorada, Chan (Selena Gomez).
A fotografia, como de costume, é gostosa de assistir. E, na história, as referências artísticas continuam em peso. Desta vez, são citadas figuras como Van Gogh, Virginia Woolf e Renoir. Apesar de estar situado nos anos 2010, o longa-metragem frequentemente aparenta ser de época, tanto pela construção dos papéis quanto pelo figurino, o que causa uma certa confusão. A exceção é a personagem de Gomez, uma positiva surpresa no filme, que realmente parece existir nos dias de hoje e entrega um bom trabalho.
Os protagonistas têm desempenho inferior ao dos veteranos. Enquanto Schreiber dá vida a um diretor, Jude Law é o roteirista Ted Davidoff e Diego Luna vive o famoso ator Francisco Vega – e eles convencem muito mais que Chalamet e Fanning. Os dois interpretam personagens usuais de Allen, mas mal escritos e com uma direção falha, o que faz com que nenhum deles consiga realmente encantar os espectadores.
Talvez o principal problema em Um Dia de Chuva em Nova York seja o pouco aprofundamento nas personagens femininas. Enquanto Allen coloca as próprias peculiaridades em Gatsby, como de costume nas obras de sua autoria, Ashleigh é pouquíssimo aproveitada e vira apenas uma musa para diversos homens da história, perdendo o claro potencial de brilhar.
É um típico filme de Woody Allen, só que fraco. Apesar da presença das características tão adoradas pelo público nas obras do diretor estadunidense, personagens principais medianos (apesar de serem interpretados por bons atores da nova geração) diminuem a qualidade final. A bela fotografia de Vittorio Storaro (Apocalypse Now) não é o suficiente para salvar a película, que se perde no decorrer da narrativa.