Crítica de Marcela Rodrigues
Fred Rogers, interpretado por Tom Hanks, é um apresentador de programada infantil muito querido por várias gerações. Um dia ele decide conceder uma entrevista ao cínico jornalista Lloyd Vogel (Matthew Rhys), que enxerga a vida de forma pessimista devido à traumas que teve ao longo dela. À princípio, Vogel não está empolgado com essa tarefa, mas acaba aceitando, pois, assim, poderia apresentar um novo olhar para esse ídolo da infância norte-americana.
Acredito que todos, quando forem ver esse filme, esperam a mesma coisa que o Lloyd Vogel. Afinal, é o que normalmente acontece em filmes biográficos, certo? Descobrimos quais são as falhas, medos, mágoas, que, na vida real, os personagens tentam tanto esconder. E, durante todo o filme, Lloyd tenta descobrir a “verdadeira” personalidade de Mister Rogers. Perguntas, desde conflitos familiares, até assuntos considerados maduros demais para um programa infantil são feitas, e a todo o momento você espera que Rogers desabe e finalmente saia do seu personagem. Porém, não é isso o que acontece. Na verdade, o seu modo de viver de maneira simples e bondosa inspira Lloyd a olhar para si mesmo, e avaliar a forma como ele enxerga a vida de uma forma tão ruim.
Esse filme, em diversos momentos, leva o espectador a se questionar. Por que será que é tão mais fácil sentir empatia com a frustração de Lloyd, e duvidar do genuíno altruísmo de Rogers? E, aos poucos, mostra que mesmo com todas as adversidades e desafios da vida, sempre há espaço para o amor e o perdão.
A atuação de Hanks está sendo muito elogiada, não só pelo seu grande talento, mas por ter conseguido captar a essência de Fred Rogers, desde seus trejeitos até a sua forma de falar, sendo elogiado até mesmo por Joanne, viúva de Rogers. Marielle Heller fez um grande trabalho na direção, seguindo um estilo como se estivéssemos assistindo um programa infantil, mas sem ser excessivamente explicativo. Um grande destaque, para mim, vai para as cenas de transição que acontecem através de takes de uma maquete lúdica da cidade de Nova York.
Um Lindo Dia na Vizinhança é o tipo de filme que você assiste com um sorriso no rosto, com uma mensagem linda e entregue de uma forma delicada. Sem ser algo monótono, nos leva à uma reflexão e faz com que tiremos nossas próprias conclusões.