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Uma Segunda Chance para Amar (Last Christmas – 2019)

Ah, o Natal! Época em que a magia está no ar e a leva de filmes fofos chega para aquecer os corações apaixonados. Pois bem, era o esperado de Uma Segunda Chance para Amar, que estreia hoje (28), estrelado por Emilia Clarke e Henry Golding.  A expectativa era de ter um filme divertido, mas que também te arranca algumas lágrimas emocionadas. E ele começa promissor, com uma cena linda. Mas logo adianto: as expectativas não são atendidas.

Esse é um filme que provavelmente vai dividir opiniões, porque tem muito potencial. Quem se apegar à beleza da metáfora que eles tentaram explorar, pode sair com uma sensação de que uma mensagem muito linda de amor próprio foi passada. Agora, quem se apegar aos detalhes da história que são destruídos pela revelação clímax do filme, vai sair frustrado. A trama, na verdade, é uma tentativa desesperada de parecer profunda e realista (fugindo de Papais Noéis que realmente realizam os pedidos, príncipes, fadas, bruxas ou qualquer aspecto mágico), mas, no fim das contas, se mostra um desatino total.

A trama conta a história de uma jovem com a vida completamente fora dos trilhos. Katarina (Emilia Clarke), que prefere ser chamada de Kate por conta da origem Iugoslávia do nome, mudou-se ainda criança para Londres com a família fugindo da guerra. Ela trabalha como vendedora vestida de elfo em uma loja que vende artigos de natal o ano todo, mas sonha em ser cantora. Nas belas ruas de Londres (que por si só já traz um cenário apaixonante) ela avista um rapaz, Tom Webster (Henry Golding), e a conexão improvável acontece à medida que ele enxerga através de todas as barreiras que ela construiu após ter passado por um problema grave de saúde.

Com um Henry Golding fica difícil não quebrar as barreiras.

O personagem de Henry Golding já irrita no princípio. Ele é “o perfeito”: organizado, faz caridade, decidido, com a mente no lugar. Ela, por sua vez, parece ter que implorar pelo amor dele, mesmo tendo sido ele a dar o primeiro passo. O roteiro cria uma grande expectativa o filme inteiro sobre qual é o segredo do protagonista e porque ele age tão estranhamente em alguns momentos, e a revelação, apesar de explicar o porquê de várias coisas, é simplesmente inacreditável e sem sentido dentro do universo criado. A relação entre os dois até chega a convencer, mas ela tem mais química com um rapaz que ela conhece fazendo voluntariado, que divide cena com ela por no máximo cinco minutos o filme inteiro.

Como amante dos filmes repletos de clichês românticos (quando bem usados), esperava que este fosse um desses. Ele apresenta, claro, vários, mas, pode-se dizer que o longa é até surpreendente nesse aspecto. Ele traz algumas novidades para o gênero, principalmente na parte feminina, que é brilhantemente executado por Emilia Clarke. Este é o primeiro trabalho da atriz após o fim de Game of Thrones e ela não poderia estar mais maravilhosa (e diferente de Daenerys). Porém, até nas inovações ele decepciona. Toda a independência, liberdade sexual e luta pelo sonho de cantar da protagonista são transformados em um efeito colateral da doença que ela teve, como se ela estivesse sendo apenas imprudente o tempo todo. Inclusive, quando ela desiste de participar de audições é elogiada. Outro não clichê: a protagonista não demonstra aquela excitação com a época natalina. Na verdade, está de saco cheio da festividade por trabalhar o ano inteiro com isso.

Um ponto alto do filme é como mostram a relação disfuncional da família de Kate, com muita sensibilidade e com esperança de dias melhores. Destaque para atuação de Emma Thompson, que também é responsável pelo roteiro, por roubar a cena no papel da mãe de Kate. Dentro do núcleo familiar, o longa traz uma discussão importantíssima – imigração e xenofobia. O tema até é bem explorado, mas com tanta coisa confusa no restante da trama, o debate fica descolado.

Possibilidades de construção feminina diferenciada ficam apagadas.

A trilha sonora recheada de George Michael é incrível. “Last Christmas”, que ganhou uma versão linda no filme, é o título em inglês do longa. Apesar disso, ela consegue ser por vezes exagerada, o que torna algumas cenas cafonas (vide cena do Tom ensinando Kate a patinar). Dá a impressão que tinham obrigatoriamente que usar um número “x” de músicas dele e não se preocuparam com o encaixe.

Destaque negativo também para o quão caricato e nada natural o roteiro trata a paixão do outro casal que se forma no longa, os dois mais velhos que o casal principal.

No final, tem uma reunião de todos os personagens em um grande evento, que é uma cena lindíssima e empolgante, mas não faz o menor sentido uma vez que até um personagem que aparece por um minuto em uma cena que nada tem a ver com essa festa aparece. Ou seja, o filme termina com uma confraternização do elenco.

Emilia procura a lógica da narrativa no roteiro.

 

PS: Aqui tem um GRANDISSÍMO SPOILER!!! Está avisado.

Alguém me explica como a dona da loja em que Kate trabalha vê o Tom, pelo amor de Odin?!?!!?!?!? GENTE! Na Casa de Acolhimento ninguém o conhece, o que faz sentido com a revelação de que ele está morto. Se vamos estabelecer que ele aparece para Kate pela conexão do transplante, por que raios a dona da loja o vê? Ela é a Mamãe Noel? Fica a reflexão, risos.

3 comentários em “Uma Segunda Chance para Amar (Last Christmas – 2019)

  1. O filme é belíssimo. A escolha da atriz e do ator principal foi perfeito.
    Mim emocionei bastante. Uma bela história. E a trilha sonora , nossa , não podia ser melhor. Excelente filme. Show de bola.

  2. Amo esse filme!!! A mensagem é linda! “Cuide bem do meu coração! Ele seria seu de um jeito ou de outro!”… Já vi umas 4 vezes, acabei de rever e choro da mesma forma!

  3. Olá, bom dia!
    Cheguei até aqui por causa dessa mesma indagação:
    “Alguém me explica como a dona da loja em que Kate trabalha vê o Tom, pelo amor de Odin?!?!!?!?!?”
    Já estava achando que era imaginação minha a cena que a Mamãe Noel se refere ao Tom.
    A dúvida pelo visto irá continuar pairando no ar, rsrsrs.
    abraços.

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