Postado em: Reviews

Velozes e Furiosos 7

14809-5eca811a_680_400

Velozes e Furiosos é uma franquia que se reinventou aproximadamente três vezes entre as continuações. Apenas no sexto se encontrou. Com o lançamento do sétimo, a dúvida que fica é se a qualidade vai se manter ou se será preciso passar por mais redescobertas. A partida de Paul Walker e a entrada do diretor James Wan podem indicar mudanças.

Agora pai, Brian (Walker) não consegue se adaptar à vida de família e sente falta da adrenalina das corridas e aventuras. Letty (Rodriguez) ainda não conseguiu recuperar a memória e não lembrar da vida junto de Dominic Toretto (Diesel) a faz sofrer. Deckard Shaw (Statham), o irmão mais velho de um inimigo anterior, mata Han, explode a casa de Dom e Brian e deixa o agente Hobbs (Johnson) no hospital. Em busca de retaliação e de proteger os amigos, Dom e Brian precisam ir atrás de um hacker e um dispositivo através do mundo para encontrar Deckard.

Essa história mega complexa e cheia de subtramas serve a uma proposta bem simples: proceder as desculpas para que os personagens entrem em carros, participem de perseguições estúpidas, exageradas e ilógicas. Se o primeiro filme era um drama policial, o segundo era uma cópia e o terceiro uma história de amadurecimento, a partir do quatro, a franquia se tornou ação exagerada e ponto. Toretto e a gangue deixaram de ser ladrões de eletrônicos e viraram espiões internacionais. O quarto e o quinto são apenas ruins, mas o sexto acertou a mão (o roteiro não importa, apenas a ação bem conduzida). O sétimo precisa apenas ser mais do mesmo.

BG_Furious 7 trailerTipo de cena que domina a produção.

Entretanto, a morte de Paul Walker, um dos protagonistas, no meio da produção criou diversos problemas para a realização. Primeiro porque a Universal já encomendou mais continuações, o que força a arrumar um final para o personagem. Segundo porque cenas com ele ainda precisavam ser filmadas. E terceiro porque ninguém sabia se era correto ou adequado terminar o filme. O roteiro dá conta dos três problemas. Uma trama menor sobre o personagem foi escrita para ser dialogada entre outros atores para apenas encaixar reações e pequenas falas já gravadas por Walker. O personagem Brian tem um bom motivo para se afastar da ação apenas com o que o ator já havia feito. Tudo isso sem perder a trama de espionagem estapafúrdia.

James Wan, famoso pelas boas realizações em filmes de terror (ele dirigiu os bons Invocação do Mal e Sobrenatural), sabe o que faz. Quando precisa dar continuidade para a história, é rápido sem deixar de construir as emoções dos personagens. Nas cenas de ação, sabe fazer essas destruições em larga escala que a franquia requer. Se no anterior os heróis precisavam enfrentar um tanque de guerra turbinado e um avião com seus carros, aqui precisam enfrentar drones e roubar carros de um cofre no topo de um dos prédios mais altos do mundo. O vilão, vivido pelo astro de ação Jason Statham, ganha briga com os outros dois brucutus da franquia. A luta contra o Dwayne Johnson é um primor. Todos os movimentos são identificáveis e os golpes parecem doer de verdade. Já contra o Vin Diesel deixa a desejar.

brucutusStatham vs. Johnson. Grande luta do filme.

Na verdade, Wan parece ter problemas aqui. Algumas cenas de ação são muito bem conduzidas. Muitos núcleos de histórias se desenvolvem sem perder a lógica ou o espectador. Outras cenas são com muitos cortes e câmeras que balançam demais. O maior problema, porém, é a necessidade de ser grandioso demais. O sexto filme acertava justamente em deixar o exagero apenas como solução rápida para dificuldades extremas nos clímax. Aqui, tudo é um exagero. Seja mulheres que trocam de carros em movimento, uma ambulância parar um drone, gente sobreviver a quedas e explosões, carros serem usados como projéteis e por aí vai. Usado com parcimônia criava empolgação, em excesso é cansativo.

Paul Walker era um sujeito muito simpático, legal e filantropo, mas como era mau ator. A interpretação dele não passa de olhares relativamente preocupados para o chão. Vin Diesel apenas fecha a carranca feia durante a sessão. Nem sorrir ele parece ser capaz de conseguir mais. A Michelle Rodrigues é competente e dá para Letty uma camada de vulnerabilidade que não é comum à atriz. Jason Statham faz o que sabe fazer melhor, brigar, pular e poses. Dwayne Johnson (eternamente The Rock) é um poço de simpatia e guarda dois dos momentos mais exagerados e estúpidos para si. Jordana Brewster está aqui mais como pretexto para que Paul Walker seja removido das continuações e não faz nada. Tyrese Gibson é, de longe, o melhor em cena. O que não é dizer muito neste elenco. Ludacris está envolvido pela zoeira e é só o que faz. O Kurt Russell se diverte em uma ponta como um agente secreto e dá piscadelas para a câmera sem vergonha alguma. O Tony Jaa deve ter aceitado a participação apenas pela chance de dar umas porradas no Paul Walker, porque é só o que ele faz. O Djimon Hounsou rouba o cargo de vilão principal do Jason Statham no que deveria ser apenas um desvio na trama principal. E a Ronda Rousey faz uma participação rápida apenas para que a Michelle Rodriguez tenha uma catfight.

Talvez a maior franquia da Universal (até a chegada de 50 Tons de Cinza), Velozes e Furiosos 7 cumpre o que promete. Ação maluca e exagerada. Infelizmente, extrapola e perde a mão em diversas partes. Vale muito pela belíssima despedida ao Paul Walker no final e por momentos como a cena em que Dom e Brian atravessam um prédio com um carro. É a versão mais jovem e moderna de Os Mercenários, o que não é ruim.

 

ALLONS-YYYYYYYYY…

2 comentários em “Velozes e Furiosos 7

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *