Esse tal universo cinematográfico da Marvel finalmente alcança o clímax. Ou pelo menos, o começo dele. Depois de dez anos de lançamentos anuais e 19 filmes, todos os conflitos são unidos em uma única história fechada. Não ainda. Faltam dois personagens a serem retratados. Um é a Capitã Marvel, que deve chegar aos cinemas ainda este ano. O outro é o protagonista deste filme.
É onde entra o grande acerto dos roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely junto dos diretores Anthony e Joe Russo. Apesar do título Vingadores, este filme tem um protagonista específico, Thanos (Josh Brolin), o grande vilão dos universos da Marvel. Para contar essa história, os realizadores escolhem fazer com que todos os coadjuvantes da produção (leia-se os vingadores) sigam em jornadas diferentes para tentar detê-lo.
É um estilo narrativo inusitado, especialmente para a franquia que repete as estruturas de todos os filmes que fez até o momento. Há um arco dramático inteiramente contado pelo ponto de vista dos antagonistas da produção, que são os heróis dos 18 longas anteriores. E funciona muitíssimo bem por dois motivos.
Primeiro, porque Thanos é um personagem profundo e bem desenvolvido. Ele tem uma motivação forte e compreensível. Além disso, passa por uma jornada de muita dor e sacrifício pessoal, o que o torna mais simpático para o espectador. Ajuda muito ter um ator do calibre de Brolin para interpretá-lo. É possível ver a dor por trás das escolhas dele em rápidos suspiros e pequenas arqueadas quando percebe que terá de abrir mão de mais alguma coisa em algum momento.
O segundo motivo está relacionado com o grande propósito do filme. Os fãs acumulados em 18 produções passadas querem ver duas coisas: referências e interações divertidas. E isso tem de sobra enquanto os super se concentram em buscar meios para derrotar Thanos. Mais especificamente, em três núcleos:
- Tony Stark (Robert Downey Jr.), Homem-Aranha (Tom Holland), Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), Peter Quill (Chris Pratt), Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff) em um.
- Thor (Chris Hemsworth), Rocky (movimentos de Sean Gunn e voz de Bradley Cooper) e Groot (movimentos de Terry Notary e voz de Vin Diesel) em outro.
- Steve Rogers (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson), Visão (Paul Bettany), Wanda (Elizabeth Olsen), Pantera Negra (Chadwick Boseman), Máquina de Combate (Don Cheadle) e Bruce Banner (Mark Ruffalo) no último.
Acompanhar os arcos dramáticos de cada herói individualmente em cada núcleo (alguns mais e outros menos trabalhados) é praticamente impossível. Ninguém tem uma grande interpretação que se destaque, mas é divertido ver a relação de pai e filho do Homem de Ferro com o Homem-Aranha. Assim como o Peter Quill desconfortável com a imponência do Thor, ou momentos hilários como o choque de inteligência entre a Shuri (Letitia Wright) com o doutor Banner.
Mas os heróis ficam só nisso mesmo. Pontas engraçadas muitas vezes fora de contexto em momentos que parecem muito distantes entre si. Nada tira a sensação de falsidade no planeta Titã, todo feito em computação gráfica e o choque deste quando a trama passa para Wakanda, em uma batalha filmada em uma floresta real. É tudo muito divertido, mas vazio até nos conflitos entre os núcleos. Se não fosse Thanos, seria impossível aproveitar a sessão e acompanhar a história até o fim.
Mas ninguém vai se sentir trapaceado com o rolar dos créditos. Teve diversão de sobra com os inúmeros crossovers, referências e homenagens para todos os lados e um ciclo narrativo rico e interessante. Ou como disse para o amigo que encontrei, é um filme fraco dos vingadores, mas um excelente filme do Thanos. É claro, o verdadeiro filme derradeiro dos heróis virá ano que vem, no Vingadores 4, ou 3,5.
P.S.: Há uma cena pós-créditos que só serve para os fãs que acompanham as notícias da Marvel ou os quadrinhos.
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