É difícil definir o gênero horror. São obras feitas para causar medo? São fantasias? Histórias reais? Retratos da sociedade? Questionamentos sobre os verdadeiros medos internos das pessoas? Talvez uma das perguntas mais importantes seja a que uma namorada me fez um dia: “Por que você gosta de assistir algo que te deixa com medo, tenso ou perturbado?” Felizmente, existe esse documentário que faz uma pergunta semelhante.
Para responder, os diretores Rob Lindsay (também roteirista do filme) e Nicolas Kleiman acompanharam o jornalista aficionado pelo gênero Tal Zimmerman, enquanto ele apura com realizadores, psicólogos, sociólogos, psiquiatras, neurólogos, pesquisadores e outros fãs ao redor do mundo.
A investigação é riquíssima. Eles encontram com diretores clássicos, como George Romero e John Carpenter; passam por questionáveis recentes, como Eli Roth e Alexandre Aja; e vão até autores obscuros, como as gêmeas Soska. Também buscam origens do horror na literatura, nas religiões e na história da humanidade.
Um dos pontos mais interessantes é quando, a cada passo do documentário, é feito um paralelo com a vida de Zimmerman. O jornalista foi visto com estranheza por toda a família desde criança por gostar de horror. Ele mesmo aponta: “Às vezes perguntam como eu olho para essas coisas e desfruto delas. Eu não aprecio como se estivesse comendo um muffin. É a lembrança e a compreensão da finitude que me impressionam.”
Ele faz perguntas à mãe sobre as coisas que fazia e dizia quando criança e descobre como as relações sociais foram influenciadas por isso. Ao mesmo tempo, a autodescoberta é relacionada com filosofias sobre o medo da morte, a como assistir um filme de terror permite sentir medo de forma controlada e tornar a realidade mais objetiva.
A linha narrativa do filme segue um raciocínio. Em certo ponto, Zimmerman está em galerias e museus para descobrir pinturas e poesias seculares com imagens tenebrosas. Na discussão com os colecionadores e estudiosos de arte, é levantada a questão da noção da morte e, de repente, o jornalista vai para o México no Dia dos Mortos para ver como é uma cultura que tem uma relação diferente com essa perspectiva.
Ritmos de documentários são complicados, mas Lindsay e Kleiman o fazem funcionar com a montagem que segue o raciocínio do questionamento do título. E o melhor: descobrem junto com Zimmerman que, como na maioria das perguntas difíceis, não há apenas uma resposta. Todas enriquecem a compreensão do que é ser humano. Valioso para os fãs do gênero e para quem não é.