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Woody Allen, Roman Polanski, Bryan Singer e crimes com celebridades

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Para quem não pôde acompanhar as notícias recentes, semana passada um homem de 32 anos entrou com uma acusação contra o diretor Bryan Singer. De acordo com ele, o diretor fez parte de um estupro coletivo que ele sofreu em 1999 quando este homem, chamado Michael F. Egan III, tinha apenas 17 anos. A notícia, suas possíveis repercussões e as inquestionáveis alegações relacionadas lembraram um pouco dois outros casos complexos.

Recentemente, o caso envolvendo o Woody Allen ficou em voga por conta de uma carta escrita por sua questionável “vítima”. Além dele, o caso mais curioso de verdade é o do Roman Polanski. Os dois tiveram suas repercussões específicas e podem indicar um possível desfecho futuro para o Bryan Singer.
Para quem não sabe, o Woody Allen foi acusado de ter estuprado a filha de sua então namorada, Mia Farrow. Na época, a menina tinha 11 anos. Hoje em dia ela é uma mulher adulta que se viu na necessidade de escrever uma carta pública relatando seus problemas pessoais por causa do caso. A carta reabriu uma discussão pública relacionada ao suposto estupro.
Suposto por conta de que a investigação policial do caso na época não chegou à conclusão de que houve de fato um estupro. Ainda naquele período, a opinião pública massacrou o diretor e tratou a Mia Farrow e sua filha como vítimas absolutas. Se alguém disser que a investigação foi favorável à Allen porque ele é famoso, é preciso ter em mente que a opinião pública já era favorável à Farrow e que ela também era extremamente influente e bem relacionada.
Não vou dizer que houve o estupro ou não porque não sou onisciente. Mas considerando os fatos públicos até o momento, não há como dizer que Allen realmente estuprou a filha de Farrow.
Roman Polanski, por sua vez, realmente estuprou uma garota. De acordo com os relatos e com todas as conclusões, Polanski levou uma menina de 13 para a casa de Jack Nicholson para uma sessão de fotografias e abusou dela. É um fato confirmado tanto pela menina, por Polanski e pelas investigações. As repercussões foram muito complexas. De acordo com a vítima, que teve a vida marcada publicamente pelo evento, Polanski já cumpriu sua pena, ela o perdoou e o caso deve ser esquecido.
O diretor, ainda assim, vive longe dos Estados Unidos porque, caso entre no país, será preso imediatamente. O que sugere que ele não cumpriu a pena completamente. Sugere porque todas as implicações políticas e judiciais do caso são muito complexas. Tão complexas que, por mais que eu leia sobre, não consigo entender.
Uma das coisas que considero mais interessante é que Polanski e sua vítima já estabeleceram contato uma vez. Ele pedindo desculpas por ter causado todas as inquietações na vida dela e ela o perdoando pelo mesmo.
Eis que voltamos ao caso do Bryan Singer. Como em qualquer acusação de abuso sexual, ou de qualquer crime que seja, meu primeiro pensamento foi “isso precisa ser apurado e averiguado pelo sistema jurídico”. Digo isso porque existem duas reações públicas imediatas para esses casos com celebridades. Uma parte simplesmente começa a demonizar a pessoa pública e outra parte, normalmente fãs da pessoa querendo defender a integridade pessoal de seus gostos, começa a defender cegamente as pessoas de quem são fãs.
Mas a verdade é que, tirando os envolvidos e alguma possível figura onipresente mítica, ninguém sabe se o abuso aconteceu de verdade ou não. Neste caso específico é ainda mais complexo de julgar isso por diversos motivos. Primeiro, Egan III disse que o abuso sofrido foi por conta de um grupo e não apenas por Singer. Segundo, em 1999, época em que Egan III disse ter sofrido o abuso, Singer estava lançando seu terceiro filme, X-men – O Filme. Mas o motivo maior para confusão é quando ele resolveu fazer a denúncia, faltando um mês para o lançamento do filme mais esperado até então da carreira de Singer, X-men – Dias de um Futuro Esquecido.
Pode-se dizer que Egan III não aguentou a atenção pública positiva que seu agressor estava recebendo e por isso fez a acusação. Também pode-se supor que ele o fez agora porque ele receberia alguma atenção. Basicamente, as datas em que Egan III relatou e escolheu para tratar da violência que pode ou não ter vivido criam espaço para mais suposições que casos do estilo já criam.
O fato é que já temos pessoas tomando lados em relação a Singer. De um jeito ou de outro, tanto Singer, Allen e Polanski são artistas renomados. E com isso finalmente falo o que pretendo com o texto. O Bebê de Rosemary (filme mais famoso de Polanski) ainda é uma obra significativa do cinema, assim como grande parte dos filmes de Allen e parte da carreira de Singer. A integridade pessoal dos diretores não deve ser refletida em sua arte. Os três são grandes artistas, em minha opinião. O que não necessariamente significa que são boas pessoas.
Para quem considera os três pessoas horríveis que merecem algum tipo de julgamento sem apurar os fatos, recomendo fortemente assistir ao filme A Caça. Existem injustiças de todas as formas, às vezes através de julgamentos de possíveis criminosos. Que aprendamos todos a lidar com fatos, e não com verdades absolutas e maniqueístas.
 
ALLONS-YYYYYYYYY…

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