O subtítulo francês do filme deixa claro. Zero de Conduta: Pequenos Diabos na Escola fala sobre crianças infernais. Uma espécie de subgênero que se tornaria popular e extremamente comercial com as décadas seguintes, encontra aqui uma origem muito mais complexa. Como já pode ser percebido logo na sinopse.
Um grupo de crianças difíceis se rebela contra adultos em um contexto educacional severo e opressor. Mas o média-metragem (de apenas 41 minutos) não é apenas uma comédia que reflete e critica o autoritarismo. O diretor Jean Vigo usa e abusa de surrealismo para evocar mais nas imagens que nas ações apresentadas.
Desde o menino que escuta a voz vinda alto-falante no dormitório como uma mensagem divina, até o fim, quando os garotos triunfantes parecem alçar aos céus. Como se eles estivessem confinados em um inferno e precisassem de orientação para ascender dali.
Há até nudez e momentos abstratos, como uma bola que some das mãos de um garoto como por mágica, ou um professor que desenha em um papel enquanto se sustenta de cabeça pra baixo apoiado nas mãos. O desenho, depois, vira uma animação. É quase uma evocação experimental para construir um universo de magia. Mas com o interesse de mostrar uma perversidade perturbadora nos professores.
Se mantém um filme reverenciado na cinematografia francesa que influenciou diretores importantes que surgiriam gerações mais tarde. Inclusive, o filme é fácil de encontrar no youtube por ter caído em domínio público.