Nesta segunda participação do King Vidor na lista dos 1001 filmes, é possível notar um pessimismo muito profundo e inteligente no estilo do diretor. Assim como no interessante O Grande Desfile, mesmo que o final possa ser lido como feliz, é impossível não notar uma nota de crítica à condição humana.
Aqui, ele faz questão de evidenciar e, ao mesmo tempo, ironizar a mediocridade de ser uma pessoa com uma vida urbana comum. Quando tem um nascimento normal, John já recebe do pai a premonição de que será um homem grande e importante. A promessa ressoa no personagem através da vida, passando pela morte ordinária do progenitor até chegar ao ponto em que percebe que é só mais um cidadão que não se destaca.
A crueldade da ironia só existe porque John e a esposa Mary (até os nomes são ordinários), desejam se destacar. E Vidor não perdoa com enquadramentos que realçam como John é apenas mais uma pessoa entre a multidão humana. Quando ele ultrapassa barreiras para conseguir se afastar do mar de gente, se perde.
Não falta espaço para reflexão. Pode-se discutir meritocracia, valor de ser famoso, mediocridade e por aí vai. É cruel com o protagonista e com o espectador que se vê refletido nele. Justamente por isso, é ótimo. Infelizmente, mais um que não está presente no youtube.