Finalmente, essa lista chega no diretor Tod Browning. Famoso por ter dirigido o Drácula de Bela Lugosi e pelo clássico Monstros, ele já revelava aqui o que o faria memorável. Ironicamente, esse filme mais esquecido é uma pérola, com trama com várias camadas de suspense e drama sexual.
Mais uma vez, Browning explora o bizarro ao acompanhar o artista de circo sem braços Alonzo (Lon Chaney), que é apaixonado pela assistente Nanon (Joan Crawford). Ela, por outro lado, ama o brutamontes Malabar (Norman Kerry), mas tem trauma com mãos masculinas. Parece que as coisas ficam mais fáceis para o protagonista, mas ele tem alguns segredos perigosos.
Uma das chaves desta produção é o ator Lon Chaney, que já apareceu na lista como o Fantasma da Ópera. Ironicamente, aqui ele está em uma trama que é muito mais semelhante com a versão musical recente. Alonzo é um vilão que abraça a própria “deformidade” como forma de conseguir o que deseja, que é o coração de Nanon.
A cada 10 minutos do filme, que tem apenas 50, surge uma nova reviravolta, que explora ao máximo as capacidades de Chaney de suportar dor para interpretar os vilões. Entre planos espertos para esconder os braços dele, o ator se contorce para ficar em posição para que o dublê de pernas segure facas, xícaras e cigarros.
As dores dos personagens, os medos e, principalmente, a honestidade com que Malabar e Nanon lidam com o trauma dela, fazem com que esse seja um filme de profundidade surpreendente para o cinema mudo. Antes, as outras obras dessa lista se perdiam na expressividade exacerbada do teatro, mas O Monstro do Circo tem a sensação de algo original. Só por isso, já é uma produção que merece ser assistida.
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