Os Sete Samurais é um dos filmes mais importantes da história do cinema japonês. Também é de um dos diretores mais reverenciados. Influenciou praticamente tudo que é feito atualmente e ainda é adorado por seus vários fãs de todo o mundo. Mas ainda tem três horas e meia de duração, é preto e branco e feito em uma cultura consideravelmente diferente. Mas a surpresa para mim foi não ser um filme lento, difícil ou chato.
Vila rural pequena e afastada descobre que um grupo de ladrões planeja invadí-los para roubar seus alimentos. Com medo de morrerem de fome, viajam para a cidade onde pretendem contratar samurais para protegê-los. Conseguem sete guerreiros, dentre eles cinco samurais, um aprendiz e um vagabundo que quer se provar.
O filme é lento, no sentido de que até os samurais chegarem na vila para fazer seu trabalho passa aproximadamente uma hora. Mas essa hora é detalhada com muitas coisas rápidas e interessantes. O drama das pessoas da vila em busca de proteção em troca de uma das poucas coisas que possuem gera cenas bastante dramáticas.
Assim que o primeiro samurai aparece, o protagonista do filme, o ritmo muda de forma bastante positiva. O samurai Kambei Shimada é um poço de simpatia. Cada fala, cada gesto, tudo o que ele faz exala um nível de sabedoria impressionante. É impossível não torcer por ele. Tudo mérito excelente ator Takashi Shimura.
Shimada e os camponeses tem um grande problema diante de si. Os samurais são orgulhosos e seus serviços são caros. Se não o fazem por dinheiro, fazem pelo status do cliente. Logo, encontrar mais seis guerreiros honrados se prova um desafio.
O motivo pelo qual Shimada aceita é apenas querer ajudar pessoas em perigo. Bondade pura e simples. Isso se dá porque ele não é um samurai comum. Shimada é um ronin, um samurai sem mestre. E todos os outros quatro samurais que aceitam o desafio o fazem porque sentem admiração pelas qualidades evidentes dele.
O guerreiro vadio percebe o valor do grupo formado, por isso decide se provar para eles. Eventualmente ele acaba roubando a cena do filme. Graças ao ator Toshiro Mifune, que vai da alegria à raiva com muita humanidade. Não é a toa que é um dos grandes nomes de atuação do país.
O filme funciona como um reflexo do Japão feudal. Pessoas que viviam em vilas eram assoladas por samurais em tempos de guerras. Quando estavam em paz, não tinham problema em perseguir os guerreiros moribundos para conseguir mantimentos. Logo, os camponeses temem os samurais que vieram protegê-los e os samurais guardam rancor de seus atos.
Aos poucos, as diferenças vão sendo quebradas. Tudo de forma natural e progressiva. Surgem romances, dramas, e muita comédia. O humor serve para a humanização da trama. Aparece nos momentos certos, sem desequilibrar o ritmo nem arruinar a obra. Faz com que todo mundo seja mais verossímil. Eles buscam rir quando as situações alcançam seus momentos de maior complicações, deixando muito mais fácil gostar de todos os personagens.
A grande qualidade do filme, porém, é a direção de Akira Kurosawa. O diretor cria um grande enquadramento atrás do outro. Parece muito com o que Sergio Leone fazia. São imagens impressionantes por suas belezas. Ainda mais contando com o fato de que foram realizadas em 3×4 e preto e branco.
Começa sempre com uma imagem bela. Eventos ocorrem, a câmera acompanha os eventos e termina uma cena com outro plano imponente. É um festival de beleza.
É um épico lindo, que emociona e diverte. Não envelheceu nada, com exceção da falta das cores e do formato de tela. Merecedor da adoração dedicada a ele.
GERÔNIMOOOOOOOOO…
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