Morgan Freeman, Jack Nicholson e Rob Reiner se unem para tratar de um tópico mais íntimo. A reunião acontece com muita promessa. Mas infelizmente Reiner não é mais o mesmo diretor de antigamente. Enquanto Nicholson e Freeman parecem não se importar mais tanto com a qualidade do filme que aceitam fazer.
Dois homens idosos se conhecem ao compartilhar o quarto de hospital onde recebem tratamento contra o câncer. Após receberem a notícia de que possuem apenas alguns meses restantes, decidem viajar juntos pelo mundo para realizar uma lista de últimos desejos.
O filme segue uma ideia que frequentemente volta a ser tema de histórias e que é muito interessante. Mas é justamente essa ideia interessante que o faz perder qualidade lá pelo meio. Quando os dois começam a realizar a lista da bota (tradução até apropriada para o título) o filme deixa de ser interessante e se permite ficar perdido em uma comédia nonsense.
A rotina dos dois no hospital, com os diálogos relacionados ao tempo que perderam na vida, é o grande trunfo da obra. É algo que repito com frequência: é sempre bom ver bons atores com um bom texto para interpretar. Eu veria facilmente um filme inteiro só dessa parte, Nicholson e Freeman dialogando em um ambiente fechado.
Então eles recebem a notícia do tempo restante de vida e saem para chutar o balde. A princípio é com coisas menores como saltos de paraquedas, dirigir Mustangs e Corvettes e fazer tatuagens. Eventualmente passa para dar uma volta na grande muralha da China e subir o Everest.
Essas cenas são repetitivas e sem muito motivo. Porque os dois continuam os mesmos diálogos de antes, mas agora no topo de uma pirâmide ou em um hotel luxuoso na França. Mas misturado às discussões dos dois, temos cenas de comédia física. Quando dirigem os carros com grande potência, ficam fazendo piadas enquanto jogam os carros um contra o outro. Sempre surgindo uma piada relacionada a quanto um gosta do que estão fazendo e o outro detesta.
Piora ainda mais porque Reiner demonstra claramente que não sabe dirigir com efeitos especiais. É bem óbvio que os atores não estão fazendo as coisas que acontecem nas cenas. Em quase todo lugar temos os dois com um fundo com chroma key mal feito. Seja o cenário mal feito que substitui o fundo azul ou um recorte que ainda permite ver um pouco do azul refletido nos atores. O que gera momentos ridículos, como a péssima cena em que se encontram no topo de uma das pirâmides do Egito.
Existe apenas uma cena na qual os efeitos são realmente bons. Quando os dois saltam de paraquedas, seus rostos são encaixados digitalmente no corpo de alguém realmente realizando o salto. Mas a ideia é absurda. Quando se salta de paraquedas é impossível falar enquanto a pessoa está em queda livre. Mas é justamente o que eles fazem, conversam enquanto caem.
A discussão principal é bem simples. O que faz com que uma vida seja bem vivida? Seria aproveitar os momentos que temos ou passar com pessoas que amamos? Os dois se perdem antes do filme começar, mas a jornada serve de lição para que compreendam que a viagem que fazem é passageira, enquanto as pessoas importantes são duradouras.
É muito bonito. Ainda mais com dois bons atores fazendo as cenas. Nicholson e Freeman quase escondem o fato de que é um filme bem pobre em termos de produção, feito para ser uma comédiazinha com lição de moral.
É uma pena. Mas faz algum tempo que Reiner não é mais o diretor de obras clássicas como Conta Comigo, Louca Obsessão e Harry & Sally.
GERÔNIMOOOOOO…
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