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Arlequim (1980)

arlequin

O vice-governador de uma cidade desaparece em um acidente bizarro de mergulho. Um dos candidatos mais prováveis de ganhar o cargo é o senador Nick Rast, cujo filho se encontra em condições terminais devido à leucemia. Um dia o mágico Gregory Wolfe (Robert Powell) aparece na casa de Rast e cura o garoto. Agradecida, a esposa Sandra o convida a ficar na casa por alguns dias, mas a influência do mágico nos Rast incomoda os planos para o futuro político do senador.

Após Snapshot, os realizadores se uniram para pensar em novos projetos com mais tempo de produção. O escolhido foi esta releitura moderna com características de horror do livro Rasputin. As analogias se dão de diversas formas. Assim como Rasputin era um feiticeiro que cuidava do filho do Tsar, Gregory cura o filho de Rast, que é Tsar de trás para frente. Parte do movimento Ozploitation, Arlequin faz uma reflexão acerca da política atual e brinca com os diferentes conceitos de poder.

harlequin334Gregory ensina lição para o novo aprendiz. Não há tensão.

Na época em que foi lançado, em 1980, Arlequim era considerado um terror paranormal. Todo o suspense surge de duas dúvidas. Primeiro, Gregory é ou não um feiticeiro de verdade? E segundo, quais os interesses dele com a família Rast? Eis o grande e principal problema da fita. Com base nessas informações, era de se esperar que o protagonista do filme fosse Nick Rast e a esposa, mas Gregory acaba por roubar a glória para si. Por conta disso, na cena em que ele pendura o menino de um penhasco para lhe ensinar uma lição, não há tensão ou medo pelo garoto. O espectador sabe que Gregory não vai fazer nenhum mal.

Entretanto, quando a criança começa a demonstrar que se torna pouco a pouco um feiticeiro também, o medo fica mais forte. Será que o objetivo de Gregory, desde o começo, era levá-lo embora? Apenas conseguir um aprendiz? O suspense funciona muito bem no meio do jogo de ameaças. Em certos pontos, parece que Gregory se revoltará contra todo mundo. Em outros, parece que ele será assassinado por um dos capangas políticos que manipulam Rast. Em meio a isso, pessoas tentam seduzir umas às outras e um clima de perigo cresce até o clímax do filme, quando se revela o último truque de Gregory e a última cartada dos amigos políticos de Rast. A pergunta constante de Gregory se responde. O que é o verdadeiro poder?

screengrab-00018Gregory observa. Figura estranha.

O diretor Simon Wincer, que eventualmente dirigiu Free Willy, sabe construir o suspense através do bizarro. A imagem do ator Robert Powell nas portas a observar silenciosamente os outros personagens é incômoda. Os discursos dos superiores de Nick sempre soam um pouco estranhos. O clima de esquisitice dá tom à produção e funciona para uma noção de perigo constante. Infelizmente, a empatia de Powell impede que o medo do feiticeiro se torne palpável.

É um dos filmes da época de maior sucesso que saíram da Autrália. Em grande parte por ser de um produtor influente no meio, em parte pelos atores americanos que se envolveram. É interessante pela reflexão política levantada e pelo mistério, que se sustenta até o último momento. Mas sofre um pouco com a falta de um protagonista com quem o espectador deveria se importar.

 

GERÔNIMOOOOOOO…

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