Quando um homem na faixa dos 30 anos apresenta um transtorno dissociativo de identidade (TDI) e 23 “pessoas” diferentes habitam o corpo dele, atitudes e situações preocupantes podem ser esperadas, inclusive com o envolvimento de terceiros.
Fragmentado é escrito e dirigido pelo indiano M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido e Corpo Fechado). James McAvoy (X-Men: Primeira Classe) fica por conta de Kevin e seus outros “eus”. Também fazem parte do elenco Anya Taylor-Joy (A Bruxa), Haley Lu Richardson (Quase 18), Jessica Sula (Skins) e Betty Buckley (Oito é Demais).
Um sequestro realizado por Dennis (e orquestrado com a ajuda de outra identidade) faz com que três adolescentes sejam mantidas em cativeiro em um quarto, no mínimo, estranho. Duas camas dispostas paralelamente e um banheiro. Até aí, tudo bem. Mas tudo está bizarramente limpo e, para completar, flores decoram o ambiente.
O início do longa-metragem não demora e vai quase direto ao ponto. Nos momentos que antecedem o ato do sequestro, não há muito aprofundamento a respeito das três jovens. O público fica apenas sabendo que é a festa de aniversário da popular Claire (Richardson); Marcia (Sula) provavelmente é a melhor amiga dela; e Casey (Taylor-Joy) é a “esquisitona” – pela percepção das outras duas, pelo menos – que foi convidada somente por educação.
A escolha de Shyamalan de não apresentar um aprofundamento inicial foi boa. Com o tempo, o público conhece mais as histórias das jovens, principalmente a de Casey. Neste caso, flashbacks mostram a infância da personagem e envolvem o espectador . Pode acontecer de os mistérios relacionados causarem ainda mais indignação do que aquelas ocasionadas pelas várias identidades de Kevin.
James McAvoy está fantástico. O que poderia ter se tornado uma atuação questionável, só surpreendeu e foi além do esperado. Dennis, Hedwig, Patricia, Barry, The Beast, Orwell, Jade e Kevin. Seja qual for as oito identidades – que são as que realmente aparecem no filme – que ele interpreta, o ator prova que é possível, sim, uma mesma pessoa entregar de modo fantástico diversos personagens em um só longa-metragem, de forma que o público realmente acredite que se trate de pessoas distintas. Muito provavelmente, Fragmentado será a produção pela qual ele será lembrado a partir de agora. A carreira foi marcada.
Anya Taylor-Joy está bem e convence. Betty Buckley entrega uma convincente psiquiatra apaixonada pela profissão, preocupada com os pacientes e realmente empenhada em provar que TDI existe. Haley Lu Richardson e Jessica Sula não fazem nada demais. O real destaque – depois de McAvoy, claro – é da atriz mirim Izzie Coffey, que interpreta Casey com cinco anos. Ela não fala muito, mas as expressões dizem mais que as próprias palavras.
Fragmentado é ótimo. Não possui a maestria de O Sexto Sentido, mas ainda assim é um trabalho incrível de M. Night Shyamalan. Ele pode causar uma miscelânea de sentimentos no público, de bons a ruins, o que é outro ponto positivo. A fotografia e o uso de cores – que diz um pouco sobre cada personagem, por exemplo – são realmente bons. O longa-metragem será lembrado como mais um dos grandes acertos do diretor, produtor e roteirista, que se consagra cada vez mais no suspense. Para completar, o fim da trama deixa aberta a possibilidade de uma sequência.
P.S.: Fãs de Corpo Fechado, se preparem! Fragmentado conta com uma cena de crossover entre as duas histórias.
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