Adaptado para um roteiro pela própria autora do livro, Garota Exemplar é o novo filme do diretor David Fincher. Marcado para estrear em outubro, é o primeiro filme com jeitinho de Oscar do ano. Com o Ben Affleck e a Rosamund Pike mais soturnos e sérios que nunca. Tão bons em cena como não estão em muito tempo.
Nick Dunne (Affleck) volta para casa após uma manhã de trabalho e descobre móveis revirados e a ausência da esposa, Amy (Pike). A polícia inicia imediatamente as investigações do desaparecimento e as mentiras dele dificultam a verdade de vir à tona.
Fincher e a roteirista/autora Gyllian Flynn fazem desse suspense criminal uma grande sátira às expectativas do norte-americano médio do que é uma família. Sátira é a palavra chave. A trama toma rumos através de temas e tons de terror. Sempre que se busca uma solução para a situação terrível dos personagens, o conservadorismo típico ocidental ironicamente os impede. É assustador e engraçado. Esse humor irônico é incômodo e perturbador ao mesmo tempo. Enquanto se ri do absurdo, teme-se o fato de que nossa sociedade permite o tipo de vilania apresentada.
Rosamund Pike como Amy. Terror e ironia.
Fincher é um dos grandes diretores estadunidenses vivos por um motivo. Usa do seu estilo clean, sombrio e acelerado para construir aquele pequeno pesadelo suburbano. Na superfície, Nick e Amy são o casal perfeito. O que pouca gente espera é como as regras conservadoras de nossa sociedade abrem espaço para que certas monstruosidades surjam em seu meio. O filme se sustenta como um suspense de mistério repleto de reviravoltas. Cada nova descoberta deixa o espectador, assim como os personagens, chocado com as consequências assustadoras.
A outra grande qualidade do filme é o retrato que faz das ações minuciosas de um psicopata. E a parte mais assustadora, retrata como é ser uma vítima da psicopatia. O filme revela como simpatia não é característica suficiente para julgar uma pessoa. Como é fácil para uma pessoa com essa condição se esconder e escalar dentro de nossas regras sociais. E, o mais interessante, como essas pessoas confundem amor com posse, relacionamentos com regras de julgamento e tudo serve ao seu narcisismo.
Affleck entrega aqui uma de suas quatro grandes interpretações. Não é digno de um prêmio, mas segura o filme maravilhosamente bem como um homem que precisa ser equilibrado na hora de usar sua simpatia diante da opinião pública. Rosamund Pike está um furacão de talento. Ela abre mão de qualquer vaidade e se permite desnudar em momentos bastante vulneráveis. Se Affleck não merece um prêmio, ela tem boas chances com essa interpretação.
Affleck. Hora de saber ser simpático.
O Tyler Perry está muito bem como o advogado de Nick. O ator funciona em papéis mais burocráticos. O Neil Patrick Harris também surpreende com uma presença muito mais séria do que sua carreira mais recente aparentava. Ele tem um estilo esnobe que serve muito bem ao personagem que interpreta. O Patrick Fugit (o garoto aspirante a jornalista de Quase Famosos) tem uma participação pequena. O cada vez melhor Scoot McNairy aparece por menos de cinco minutos, mas é o suficiente para demonstrar sua versatilidade.
O filme conta com um dos vilões mais interessantes do cinema recente, um final perturbador. Uma grande condução de suspense policial. Grandes interpretações, uma linda fotografia. Tudo soma para um grande filme. Que essa nova temporada de oscarizáveis mantenha o nível.
FANTASTIC…
Eu amei o livro, é simplesmente fantástico! Tô curiosíssima pra ver como ficou a adaptação, e verei assim que possível!
Beijo, Vina!
Por favor, comente o que achou depois. Fiquei muito curioso para ler o livro.
Beijão.