Invocação do Mal

A princípio, enquanto assistia Invocação do Mal, pensei que a coisa mais assustadora do filme era o fato de que a família assombrada da vez, os Perron, tinha cinco filhas. Contando com a esposa, o pobre patriarca precisava lidar com seis mulheres no seu dia-a-dia. Alguns minutos depois, percebi que tinham coisas bem mais assustadoras ali.

O famoso casal Warren, que existe na vida real, vai estudar o caso de uma família assombrada pelo que parecem ser diversos fantasmas em sua casa nova. Pouco a pouco vão descobrindo as verdades escondidas por trás daquelas aparições enquanto tentam salvar aquelas pessoas.

Ed e Lorraine Warren ficaram famosos pelo envolvimento no caso de Amityville. Ele morreu em 2006, mas Lorraine continua viva e mantém um museu sobre o ocultismo com o material coletado pelos dois. Ela é uma médium, ele era o único demonólogo não ordenado reconhecido pela igreja.

O filme guarda seus primeiros minutos para apresentar os dois através do caso de uma boneca assombrada. Já é assustador a partir daí. Logo se nota o talento de James Wan para o negócio. Ele explica com cuidado tudo o que está acontecendo em uma cena, então acompanha um personagem deixando várias coisas fora de ângulo. Basta um barulho e estamos com medo de que a câmera se vire e mostre o que diabos aconteceu.

Isso é muito bom. Wan não fica tentando dar sustos fáceis o tempo inteiro. Da mesma forma, não tenta reinventar a roda. Nada de demônios inventivos ou fantasmas fazendo coisas originais. São os mesmos truques e assombrações de sempre, mas feitos com eficiência. O diretor cria momentos que dão medo e são bem fechados em si.

Usa constantemente planos longos com a câmera acompanhando os personagens pela casa. Dá uma sensação de realidade maior. O que aumenta o medo quando vemos uma porta mexendo um pouco aqui, um barulho em outro cômodo ali. Eventualmente, os Warren passam a ser presença constante na casa, o que não diminui a tensão.

A fotografia é a mesma de todos os filmes de terror do estilo que vem tomando os cinemas. Muito cinza e sépia. A direção de arte faz um bom trabalho em mostrar a época dos eventos ao mesmo tempo em que coloca uma palheta de cores sóbria. Tudo parece verossímil sem deixar de ser perturbador.

Palmas também para os efeitos especiais. São em grande parte mecânicos, minimizando o uso de computação gráfica. Prova de que bons efeitos visuais não são sinônimo de qualidade.

Patrick Wilson e Vera Farmiga interpretam os Warren. Ele está bem, mas ela cria a personagem através de pequenas nuances. É sempre um prazer vê-la atuar. A família assombrada conta com o Ron Livingston, canastrão e meio, e a Lili Taylor, que parece estar com sono o filme inteiro. E uma das meninas é a guria boba que balança a bandeira em O Ataque. Ela tem uma cena bem impressionante em que realmente parece estar tão assustada quando quer aparentar.

Um bom filme de terror. Sem nada de novo, mas eficiente e assustador.

 

GERÔNIMOOOOOOO…