As irmãs Kate e Maura Ellis, ambas na faixa dos 40 anos, têm que voltar a Orlando, cidade natal delas, pois os pais colocaram a casa da família à venda. Eles pedem para as filhas irem até o quarto da adolescência para decidir com o que querem ficar e o que jogar fora. Lá, descobrem que a casa já foi vendida e resolvem fazer uma última festa no local em que cresceram.
A comédia As Irmãs é estrelada por Tina Fey e Amy Poehler, que também fazem parte da produção. Já a direção fica por conta de Jason Moore (A Escolha Perfeita), e o roteiro por Paula Pell (Saturday Night Live). Também participam do filme os atores Ike Barinholtz, Maya Rudolph, James Brolin e Dianne Wiest; além de muitos outros, que interpretam os antigos colegas de Kate e Maura.
Fey é Kate: irmã mais velha, mãe solteira, desempregada, irresponsável. Ela trabalhava em um salão de beleza, mas se desentendeu com o chefe e foi demitida. Agora faz alguns trabalhos, como pintar sobrancelhas, no banheiro da casa de uma amiga com quem mora. Poehler é Maura: a irmã certinha que gosta de fazer bem para os outros. Ela é divorciada e trabalha como enfermeira. Na juventude, elas eram conhecidas pelas festas que davam na casa em que moravam. A primeira era a festeira nata, enquanto a segunda era a “mãe da festa”, responsável por cuidar dos outros e impedir que a casa fosse destruída, era a que não ingeria álcool.
Festa tardia. Retorno à juventude.
Há uma temática que é comumente utilizada no cinema americano: filmes sobre festas. Normalmente adolescentes, eles mostram parte do american way of life. Em contrapartida, existem aqueles em que as festas remetem à destruição. Irmãs mostra esse lado destrutivo, mas é muito mais que isso. O evento representa a chegada de uma nova fase, a passagem para uma maturidade mais efetiva, uma transição.
Apesar da festa feita pelas irmãs ser no último final de semana antes da casa ser entregue aos novos compradores, o motivo não é apenas de despedida. Maura e Kate querem relembrar os tempos de adolescência, reviver momentos que foram perdidos e esquecer das responsabilidades atuais. Para tal, convidam os antigos colegas, que também estão cheios de ocupações e perderam o espírito de outrora. É uma tentativa de reanimar a juventude que ainda está presente neles.
As duas irmãs possuem personalidades opostas, mas a química entre as atrizes é fantástica e o humor funciona bem. Elas não precisam berrar piadas ou falar em um tom exagerado para a comicidade funcionar. Os diálogos cômicos surgem de forma séria e natural, o que os transforma em algo muito mais próximo da realidade. Mesmo com os momentos de maior besteirol, eles não são de extremo exagero.
Comicidade séria. Humor funciona sem exageros.
O fato de as personagens principais serem femininas é de grande relevância e um dos pontos altos do filme. Além disso, elas não fazem parte de relacionamentos estáveis, nem falam prioritariamente sobre homens. É uma história sobre duas mulheres e o envelhecimento. Kate tem dificuldade em amadurecer e enfrentar as próprias responsabilidades, enquanto Maura amadureceu muito rápido e deixou de aproveitar certos prazeres da juventude.
Em uma época em que a mulher ganha mais destaque nas produções audiovisuais, o filme também é uma vitória. Os triunfos do filme são direcionados às atrizes principais, que são dois dos principais nomes femininos da comédia atual e praticamente levam o longa-metragem nas costas, da Maya Rudolph (que interpreta a “inimiga” de adolescência), ao roteiro cômico de cotidiano (de Paula Pell) e ao figurino divertido (assinado por Susan Lyall). Sisters é, como Maura diz, “a little less Forever 21 and a little more Suddenly 42” (em tradução livre: um pouco menos Para Sempre/Forever 21 e um pouco mais De Repente 42) – trocadilho com o nome da loja para o público jovem. Portanto, deve agradar uma audiência mais madura e preferencialmente feminina.
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