O crescimento de uma jovem em uma problemática família, em que o pai é obcecado pela construção de um castelo de vidro, é tema na produção que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (24/8). Uma trama assim pode recorrer facilmente à pieguice. Mas será que esse é o caso do novo filme?
A direção de O Castelo de Vidro é comandada por Destin Daniel Cretton (do ótimo Temporário 12, que tem a mesma atriz como protagonista), enquanto o roteiro é assinado em colaboração com Andrew Lanham (A Cabana) – baseado no livro homônimo de Jeannette Walls.
Já o elenco conta com Brie Larson (O Quarto de Jack e Temporário 12), Woody Harrelson (Onde os Fracos Não Têm Vez), Naomi Watts (Cidade dos Sonhos e King Kong), Max Greenfield (New Girl), Josh Caras (Bugcrush), Sarah Snook (Jessabelle: O Passado Nunca Morre), Brigette Lundy-Paine (Atypical), Ella Anderson (A Chefa), Iain Armitage (Big Little Lies), Chandler Head e muitos outros.
O enredo acompanha a história de Jeannette (Larson), desde a infância até o início da década de 1990, que cresce em uma família disfuncional de nômades. O pai alcoólatra e a mãe artista têm quatro filhos, que percebem que podem apenas contar uns com os outros se quiserem ter um bom futuro. A protagonista é a segunda mais velha e a mais próxima à figura paternal Rex.
A montagem se inicia em 1989, quando a já então jornalista Jeannette está em um jantar de negócios com o noivo David (Greenfield). Na volta para casa, vislumbra os pais revirando lixo, e a partir daí começa uma série de flashbacks que mostram o crescimento e amadurecimento da personagem principal.
Brie Larson mostra mais uma vez que veio para marcar o cinema, mas quem comanda o filme de verdade é Woody Harrelson. O ator está magnífico do papel do perturbado, porém amoroso, pai Rex. Naomi Watts convence como a mãe Mary. Já os atores que interpretam os irmãos na fase adulta não têm muito destaque. Ella Anderson, que interpreta Jeannette no início da adolescência, e Chandler Head, durante a infância, se destacam muito. O elenco que dá vida aos filhos no momento em que estão mais novos, quando a caçula ainda não havia nascido, tem boas crianças.
Apesar de a personagem principal ser Jeannette e a questão em foco ser a relação dela com Rex e as consequências dela, era possível ter aprofundado – mesmo que de leve – mais a história dos demais irmãos, principalmente da caçula Maureen (Lundy-Paine, Shree Crooks e Eden Grace Redfield), que saiu prejudicada.
O figurino foi escolhido de bom modo e realmente situa o espectador na época correta. As memórias, apresentadas pelos flashbacks, vêm à tona em momentos costurados de forma bonita e coerente na edição de Nat Sanders (Moonlight: Sob a Luz do Luar). A linda fotografia apresenta paisagens belíssimas, enquanto a família Walls migra de um lado para o outros nos Estados Unidos.
O Castelo de Vidro dá uma grande lição sobre enfrentar o sofrimento, ao invés de simplesmente trancá-lo à sete chaves e esquecer que existe, para então poder viver plenamente. De modo perturbador, ele mostra uma vida marcada por acontecimentos traumáticos ocasionados, principalmente, por um pai que desconta as próprias feridas nos filhos. É tão real que dói na alma. O público é capaz de sentir uma profunda empatia e sofrer com os personagens; se indignar com as situações que são impostas e, ao mesmo tempo, se emocionar.
Excelente trabalho de Naomi Watts no filme. Eu ancho que o papel que realizo em a Refem do Medo é uma dos melhores Naomi Watts filmes, a forma em que vão metendo os personagens e contando suas historias é única. É um dos melhores filmes de suspense, tem uma boa história, atuações maravilhosas.