O Enigma de Outro Mundo

Filmes de terror são complicados. Ou são de fantasmas, ou algum bicho numa casa, ou tem alguma possessão, ou é um terror espacial que gostaria de ser Alien. Mas a verdade é que é difícil ver alguma coisa original no gênero. Eis que encontro O Enigma de Outro Mundo na Netflix. Um filme de terror realmente criativo.

Grupo de pesquisa científica na Antártica descobre que alguns vizinhos passaram por alguma experiência perturbadora. Quando finalmente descobrem o que foi, já estão infiltrados por alienígenas que conseguem tomar o corpo de hospedeiros humanos. Agora eles têm até o final do inverno para se livrar dos invasores.

Depois de ter visto tanta coisa do Hitchcock, John Carpenter prova com esse clássico que o mestre do suspense não estava completamente certo. Carpenter quebra a regra primordial do inglês ao esconder informações e ocultar segredos do espectador. Mas ele usa isso para criar o medo e a tensão. Tão eficiente quanto o mestre era.

O alienígena pode se passar por qualquer um deles. Mas todo aquele que foi tomado pela criatura já está morto. Então fica aquela constante dúvida, algum ou alguns deles não é mais humano. Só descobrimos quem realmente é um monstro quando este se revela.

O diretor não esconde apenas isso. Vez ou outra uma pessoa ou um grupo de pessoas sai por aí para investigar alguma coisa. O que aconteceu com eles? Suspense. Vamos descobrindo à medida em que os personagens investigam.

Palmas para o excelente roteiro. O ritmo é constante. Abre com uma perseguição inusitada que já cria interesse. Os protagonistas resolvem sair para entender o que foi aquilo. Quando finalmente entendem, o diretor não tem pudor de esconder as ações da coisa. Os efeitos do alienígena são criados com bastante gore. São cabeças se contorcendo, caindo, corpos se abrindo e transmutando somado a muito sangue.

A primeira transformação alienígena deixa o espectador tão chocado quanto os personagens. O que é incrível por se tratar de um filme de 1982. Todos os efeitos são técnicos. Tão bem feitos que, mesmo estando um pouco datado hoje em dia, passam um senso de realidade que não funcionaria tão bem se fosse computação gráfica atual.

O mais legal mesmo é que todas as decisões dos personagens são lógicas. Ninguém vai querer separar o grupo nem nenhum outro tipo de burrices típicas de filmes de terror. É tão compreensível que, quando o protagonista descobre que matou outro humano e não um alienígena, não o julgamos. Eu mesmo pensei que teria matado o cara em seu lugar.

O elenco mantém bem o suspense. É divertido ver o Kurt Russell tão novo em uma de suas muitas parcerias com Carpenter. Porém, ninguém merece muito destaque. Apenas, talvez, o incrível husky siberiano que participa do primeiro ato. Que cachorro bem treinado.

Um dos grandes filmes de terror. Não se rende a sustos fáceis e se garante pela premissa extremamente criativa. Deixou vontade de ver os outros dois filmes e ainda ler os livros.

 

ALLONS-YYYYYYYYYYY…