Como sou fã de videogames, acabei acompanhando as polêmicas recentes que aconteceram no mundo dos jogos eletrônicos. As discussões sobre os papéis das mulheres nos games e o conceito maluco de booth babes e mulheres sexualizadas só porque gostam da mídia. No meio disso tudo, fui conferir os vídeos da Anita Sarkeesian, feminista que sofreu um volume inacreditável de ataques sexistas. E ouvindo seu discurso fiquei surpreso com como ainda existe machismo exarcebado nos filmes.
Ok, ok. Vivemos em uma cultura que ainda funciona com repercussões do patriarcado e isso reflete nas representações culturais, como filmes, jogos, livros, música e tudo o mais. Esse reflexo pode ser notado facilmente quando alguém, como a Sarkeesian, faz uma contagem de filmes nos quais as mulheres possuem algum papel de destaque e compara com papéis masculinos.
Isso tudo é meio óbvio. Basta olhar para os cartazes em um multiplex. A maioria tem protagonistas homens. Não é necessariamente um reflexo de machismo, mas um reflexo da sociedade. Uma sociedade que privilegia os homens e dificulta o convívio para as mulheres.
No meio de seu vlog, Anita colocou uma série chamada Trope vs. Women. Logo no começo ela explica que tropes são recursos estabelecidos que são utilizados em histórias para dar a elas um desenvolvimento mais fluído e compreensível. E em cada capítulo dessa série demonstra um ou outro trope diferente que claramente diminui a mulher nas histórias.
A princípio fiquei impressionado com o número de material do qual sou fã que segue os conceitos que Sarkeesian explica. Mas com o passar do tempo, fui ficando cansado do discurso.
Ela fala sobre como personagens femininas supostamente fortes normalmente servem apenas de degrau para que os protagonistas masculinos alcancem algum objetivo de superação. Sobre o que ela chama de princípio Smurfete, no qual um elenco majoritariamente masculino possui apenas um integrante do sexo feminino. Sobre a vilã sedutora cuja qual só possui sua sexualidade como arma. Sobre a gravidez mística, que ocorre com frequência em ficção científica e fantasias.
Realmente, é frequente vermos personagens femininas servindo de apoio para protagonistas masculinos. Mas ao contrário do que Anita diz, não acredito que isso vai sempre significar que as mulheres são rasas e superficiais. Todo mundo encontra apoio em pessoas que conhece no correr da vida. E todo mundo foi apoio para várias pessoas. Eu acredito que também fui, mas nem por isso eu sou fraco, superficial e bobo. Por outro lado, quando a garota de apoio é um tipo de estereótipo do ideal masculino, como em filmes como Elizabethtown, fica difícil discordar.
Quanto ao princípio smurfete, ele realmente acontece. Mas em diversos casos é apenas uma questão de contexto. Pedir para haver um grande grupo feminino em um internato masculino é pedir um pouco demais. Seria como dizer que O Clube do Imperador é um filme sexista porque não tem mulheres na história. Se a história pede por esse favorecimento de quantidade masculina, apenas faz sentido ter mais homens. Ela nunca leva isso em conta, apenas conta como acontece com frequência.
A vilã sedutora cai no ridículo. Concordo com os argumentos. Mulheres que são representadas apenas por sua sexualidade são ridículas. E criar personagens assim é sexismo. O mesmo acontece com o argumento da gravidez mística, no qual um evento importante da vida feminina é transformado em um pesadelo.
Fiquem com o vídeo da Sarkeesian falando sobre a vilã sedutora.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=_VeCjm1UO4M&list=UU7Edgk9RxP7Fm7vjQ1d-cDA&index=11]
Enfim, fiquei chocado com a existência de uma visão tão negativa para a aceitação das mulheres hoje em dia. Ainda por cima no cinema. Continuo achando que existem diversos exageros no discurso feminista, mas respeito um pouco mais agora.
GERÔNIMOOOOOOO…
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