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Whiplash – Em Busca da Perfeição

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Uma das grandes tristezas da sessão de Whiplash foi não poder colocá-lo na lista de melhores filmes de 2014. Porque ele merecia estar lá. Infelizmente, por estar na corrida para os prêmios, ele foi o primeiro filme novo ao qual assisti em 2015. Para ser mais otimista, é melhor pensar que se trata de um grande começo para um ano que promete muito.

Andrew (Teller) estuda na faculdade de música Shaffer, a melhor dos Estados Unidos. Ele é selecionado para ser o baterista da melhor banda da escola, regida pelo professor Fletcher (Simmons). Os métodos de ensino e cobrança de Fletcher são abusivos e Andrew precisa se tornar o melhor possível para manter a vaga na banda.

A história é levemente inspirada no famoso caso de quando Jo Jones arremessou um címbalo em Charlie Parker quando este tinha apenas 16 anos durante uma sessão de jazz em que o jovem errava o ritmo. Há quem acredite que foi estímulo para que Parker treinasse e pudesse se tornar o famoso Bird, que reinventou a forma de se fazer jazz. É inspirado em Jones que Fletcher joga cadeiras nos participantes da banda, questiona constantemente a sexualidade de cada, usa o passado pessoal deles para ofendê-los e ri quando eles choram.

WhiplashimgFetcher grita com Andrew. Terror psicológico.

Poderia ser uma discussão sobre métodos de ensino, mas Whiplash pretende ir além disso. É sobre os sacrifícios relacionados à arte. Mais impressionante que o tratamento que Fletcher oferece para os alunos é o fato de que ninguém se opõe a ele. Rapidamente o porquê vem à tona. Ninguém quer colocar a carreira em perigo, assim como compreendem que não importa a violência de Fletcher. O que importa é serem os melhores músicos possível. Nesse sentido o roteiro foca em tratar a relação dos dois não como aluno e professor que abusam um do outro, mas como um duelo. A estrutura é redonda e quase imperceptível, mas o formato clássico de três atos está lá e muitíssimo bem aplicado à história.

O diretor, e também roteirista, Damien Chazelle recria o universo de jazz nova-iorquino através de luzes artificiais verdes, amarelas e vermelhas. Em meio ao verde e ao amarelo, Andrew se encontra em zona de conforto. O vermelho é o perigo. E Chazelle não tem medo de mudar a cor da luz no meio da cena. Fletcher ataca o protagonista e o ambiente passa do verde para o vermelho para revelar que o baterista saiu violentamente do controle em que se encontrava. Andrew se foca no que precisa realizar e os enquadramentos o acompanham com close-ups e profundidade alta de foco. Quando desconfortável, a câmera se afasta e o revela sozinho em ambientes fechados. Ele é solitário e se colocou naquela posição para poder se esforçar mais. Consequência direta de querer ser um grande artista.

Miles-Teller-WhiplashAndrew perde o controle durante um ensaio.

J. K. Simmons se tornou um ator popular entre o público desde que participou da trilogia Homem-Aranha do Sam Raimi. Se ele sempre é um destaque nos filmes em que aparece, aqui o show é dele. Sem precisar se esforçar, basta ser o cruel e bem intencionado Fletcher para que ele comande a produção. Ainda assim, Miles Teller também brilha como Andrew. Quem diria que o veterano popular de Projeto X e amigo babaca de Finalmente 18 poderia ser galã adolescente e protagonista de grandes obras independentes. O futuro de Teller é brilhante.

Whiplash é um filme grandioso. Não em escala, mas em qualidade. Dois personagens em um duelo não físico, mas emocional que mexe com temas poderosos. Trata-se de uma grande experiência cinematográfica.

 

GERÔNIMOOOOOOOOOO…

5 comentários em “Whiplash – Em Busca da Perfeição

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