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A la Mala (2015)

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Uma das poucas vezes que filmes do México foram tratados neste site, foi um dos piores de todos os tempos: o desastre em forma de audiovisual, Não Aceitamos Devoluções. Aquele é tão ruim que virou um desfavor à cultura do país. O efeito foi tanto que era impossível não estar com medo deste A la Mala. Especialmente quando se vê o nome Eugenio Derbez nos créditos, mesmo que com uma ponta ínfima.

Aqui, a estrela é a filha dele, Aislinn Derbez, que interpreta Maria Laura (o apelido Mala dá nome ao filme, que poderia ser traduzido para algo como Por Mal). Mala é uma atriz que não consegue empregos. Na dificuldade, aceita fingir ser uma desconhecida para dar em cima do noivo de uma amiga para que ela descubra se ele é fiel. A partir daí, aceita bicos ao repetir a proeza para outras mulheres por dinheiro. Até receber a chance de trabalhar em uma série de TV, mas, para pegar o papel, terá que fazer o trabalho de sedução uma última vez com o ex-namorado de uma possível chefe. O problema é que ele, Santiago (Mauricio Ochmann), já teve um desentendimento com ela antes e não vai simplesmente aceitar sair com Mala.

Parece com outras coisas? É fácil dizer o que. Pessoa que trabalha para ajudar no relacionamento dos outros é semelhante a Hitch: Conselheiro Amoroso. O método de vida vai criar uma complicação romântica como em pelo menos 50% das comédias românticas. O resultado é óbvio, na tentativa de conquistar um homem que não consegue atingir, Mala vai se apaixonar por ele e blá, blá, blá.

Haver uma trama base para um tipo de filme que é repetida à exaustão não é um problema por si só. A complicação ocorre devido à falta de originalidade. Pequenas pérolas como E se Fosse Verdade ou Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada são exemplos de como a fórmula pode funcionar. No caso deste A La Mala, é interessante ver um misto da repetição preguiçosa com pequenas demonstrações de criatividade e inovação.

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Mala disfarçada para testar os namoros de outras pessoas.

Um dos problemas se encontra na estrutura narrativa. A começar pela protagonista, Mala. Ela não é uma pessoa que age, mas que reage à história. Nas poucas vezes em que faz algo, ou é para agir como o estereótipo de mulher “espevitada” que faz sem pensar por estar nervosa, ou é para conquistar Santiago. Nos dois casos, trata-se de métodos narrativos para fazer com que um humor fácil ocorra ou para que Mala se adeque à trama.

De um jeito ou de outro, Mala é corresponde a uma ferramenta de romances usadas desde a Jane Austen. Ela reage sem personalidade a situações fantasiosas para que qualquer espectadora possa se identificar. Enquanto isso, Santiago é o oposto exato. Num primeiro momento ele é quase detestável de machista. Mais tarde, ele é charmoso, bondoso, engraçado, sensível e por aí vai. A perfeição dele é tanta que, a única vez em que será possível vê-lo triste é por causa de Mala, porque o roteiro exige que ele a ame.

Se o texto é pobre devido ao estereótipo do gênero em que se encaixa, é possível ver a originalidade em outros aspectos técnicos. Em especial no diálogo das direções de arte e fotografia para a construção de um ambiente ideal para a fantasia romântica de Mala. Apesar da falta de dinheiro e das dificuldades da vida, ela é bonita, elegante, vive em meio a designs limpos e modernos. A decoração do apartamento dela parece algo tirado de uma loja de mobília cara.

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Reação à naturalidade de Santiago.

Para demonstrar o contraste com o universo de glamour de Santiago, as cores entram em cena. O mundo dele é recheado com cores pastéis e cinzas. É quase monocromático, mas somado às superfícies de texturas lisas, os pequenos detalhes sofisticados como uma estante com livros caros e os cortes caros das roupas, ele parece viver em uma vida de luxo. Apenas porque as cores saturadas da vida comum de Mala remetem à cultura “brega” TV latino-americana. O uso é tão exagerado que os dois personagens são os únicos com capacetes de construção prateados em meio a uma obra durante certa cena da produção.

Ao mesmo tempo, a iluminação sem sombras da vida normal de Mala remete à fotografia de TV, enquanto os contraluzes fortes, mas cheios de sombras usados quando Santiago está por perto criam brilhos e reforçam a noção de que a vida de dinheiro e sofisticação dele é linda e diferenciada. É um uso muito interessante que remete a uma das poucas qualidades de 50 Tons de Cinza, a fotografia.

Derbez até faz bem a mocinha que reage a tudo. Mas é só o que ela faz durante o filme. Não há realmente muita construção a ser feita por parte da atriz. Ela é bonita e demonstra com eficiência a vulnerabilidade. Ochmann, por outro lado, é muito bom em fazer esse personagem mais complexo, mesmo que impossível. O estereótipo é quase uma versão não alcoólatra do 007, mas que liga no outro dia depois de transar com a mocinha.

Os realizadores de A la Mala sabiam o que faziam. Criaram um mundo de fantasia romântico impossível e improvável, no qual todos os acidentes, erros e fatalidades funcionam para o amor ideal de um casal perfeito. Usam a parte técnica com habilidade para isso. Mas a repetição de estrutura de roteiro não abre espaço para nenhuma originalidade de comédia, de narrativa, de personagens ou de diálogos.

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