Los Angeles, final da década de 1970. Com ares de investigação policial, o enredo se desenvolve a partir do desaparecimento de Amelia (Margaret Qualley), filha da mandachuva do Departamento de Justiça (Kim Basinger) e a morte misteriosa da atriz pornô Misty Mountains (Murielle Telio). Ambas possuem conexão com um filme para adultos que pode revelar um esquema de crimes e perigosas conspirações e expor figuras importantes da cidade. No desenrolar da trama, os caminhos do brutamontes de aluguel Jackson Healy (Russel Crowe) e do ébrio detetive particular Holland March (Ryan Gosling) se cruzam para desvendar o caso.
O filme vai um pouco além do convencional. Mortes estapafúrdias, doses de soft porn e uma delicadeza ético-moral em meio às confusões. Contudo, a trama policial, o suspense e o drama não são os focos principais do longa-metragem. Dois Caras Legais é um filme de comédia, contendo pinceladas de ação.
Shane Black, o criativo diretor e roteirista, deu ao cinema de ação outro direcionamento ao aproximá-lo de uma, ainda bruta, elegância noir. Concebeu o primeiro e o segundo Máquina Mortífera (1987/89), que marcou a célebre camaradagem entre Mel Gibson e Danny Glover na tela grande. Não por acaso, caiu em suas mãos o roteiro e direção de Homem de Ferro 3 (2013), sucesso de bilheteria e fenômeno popular. Voltou à ação e parceria com Robert Downey Jr. com Beijos e Tiros (2005). Agora, com Dois Caras Legais, Black ainda dá provas que é um dos grandes.
Com viés cômico, o roteiro traz algumas sequências de caráter pastelão, mas abordados no tom correto. A interação entre os protagonistas, os diálogos ácidos, as brincadeiras e a pancadaria são fundamentais para a fluidez das cenas. Healy é pragmático e tem uma estranheza particular. March é pai de Holly, afogado em vícios e completamente desastrado. Cada um, a sua maneira, consegue o que quer. E como são destrambelhados juntos, a comparação com a antológica dupla Bud Spencer e Terence Hill, que fez sucesso em seus diversos filmes no estilo western spaguetti nas décadas de 1960/70, é inevitável (Quem não se recorda com saudade da sessão da tarde com os filmes da série Trinity?). Spencer faleceu há poucos dias.
A esperta Holly March (Angourie Rice) ganha ressalto no filme. Ela está presente e atuante em todos os momentos relevantes para o deslinde do caso. Assume protagonismo junto à inusitada dupla. A jovem de apenas 15 anos explora bem o papel com maturidade a par dos veteranos Crowe e Gosling. A australiana está escalada para o próximo filme do “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” previsto para 2017.
A trilha sonora é embalada pelos hits marcantes da década da Disco Music, assim como o figurino e a fotografia de boa qualidade. E com direito a uma pontinha brazuca – “Garota de Ipanema” é tocada como trilha de elevador em uma das últimas cenas.
Mesmo com vários méritos, o filme peca na resolução enxuta. O final demasiado simplório e a passagem das últimas cenas em si – que perdem força se comparado com a sequência em uma festa no meio do filme – criam o problema.
Ademais, a química entre a dupla realmente deu certo. O longa se fecha como um episódio completo, mas também deixa espaço para um possível início de franquia. Quem sabe vem continuação por aí…
Amei assitir este filme. Conheço o trabalho de Shane Black já faz um tempo, na verdade é um dos meus diretores preferidos, e faz pouco tempo que vi o filme a Dois Caras Legais e fiquei encantado, esta muito bem feita e muitas das cenas que fazem são ótima e belas. Adorei está história, por que além das cenas cheias de ação extrema e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem.