Enfim chegamos à última parte da retrospectiva do ano anterior. Já tem a lista dos piores filmes de 2015 e a dos mais divertidos. Vamos para aquela que exige o clichê antigo. Os filmes que lembram por que amamos cinema. Não é apenas divertido assistir a essas produções. São obras que prendem por conta de uma essência diferente. Seja por fazer pensar, sentir ou até mesmo por excelência técnica.
São acertos de diretores, de narrativa, de discussão, de ambientação, de originalidade, até na forma como dialogam com um público diferente. Na lista que segue estão os filmes de 2015 que se mantiveram conosco mesmo quando já estávamos longe da sala de cinema.
Eles são:
As Duas Faces de Janeiro: Este suspense passou despercebido pelo grande público justamente no mês que dá nome à obra. O título é uma analogia com a mitologia grega e faz menção ao contraste entre os dois homens que disputam o protagonismo e a atenção da mocinha talvez em perigo. Note-se imediatamente que é apenas o primeiro dos filmes com o Oscar Isaac a integrar esta lista.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância): O grande campeão das premiações do ano passado, chegou por aqui atrasado como a grande maioria dos filmes que concorrem aos prêmios. Birdman é tão complexo nas metáforas que constrói que é impossível dizer se ele é apenas sobre crítica ao mercado cinematográfico, sobre celebridades, sobre decadência ou muitas outras coisas. Com uma experimentação de linguagem que dialoga bem com o humor e as reflexões. Maravilhoso.
Foxcatcher – Uma História que Mudou o Mundo: Mais da corrida de prêmios que chegou atrasado. Foxcatcher é um filme lento e incômodo. E a ideia é justamente essa, refletir as situações perturbadoras da história real contada. Tudo no filme serve para o desconforto que conduz para aquele final horrorizante. Porque trata o crime e as motivações como elas são de verdade, horrendas. Obra sobre personagens.
Selma – Uma Luta pela Igualdade: Outro da mesma corrida do ano passado, Selma foi um dos filmes mais desvalorizados entre as premiações. Melhor que vários dos concorrentes a melhor filme (A Teoria de Tudo e O Jogo da Imitação, principalmente), contava um capítulo específico da vida de Martin Luther King com muita sensibilidade.
O Ano Mais Violento: Outro que passou rasteiro. O Ano Mais Violento não é, como o título poderia sugerir, sobre ação, mas sobre as bases para o ramo petrolífero atual. A ideia de passá-lo em 1981, ano mais violento da história de Nova Iorque, é apenas uma forma de retratar a estrutura de sangue que dá embasamento para as fortunas que surgem da venda de petróleo. Segundo filme do Oscar Isaac na lista.
Cake – Uma Razão para Viver: Dramas sobre pessoas que convivem com doenças não são incomuns. A novidade de Cake é a sensibilidade com a qual usa o humor para contar a história de Claire Bennet, que sofre de dor crônica. A própria condição é reflexo de uma outra dor, interior, que corrói a consciência da personagem. Destaque para a extraordinária interpretação da Jennifer Aniston.
Divertida Mente: Uma das mais inventivas e inteligentes criações da Pixar, Divertida Mente capturou a atenção de crianças pela aventura engraçada, divertida e colorida e dos adultos pelas inferências complexas sobre as personalidades. Mais importante de tudo, a mensagem final serve para todos, porque muita gente não sabe dar valor para os momentos de tristeza.
Expresso do Amanhã: Também conhecido como Snowpiercer, é um caso raríssimo de um filme que não apenas é um dos melhores do ano, mas um dos melhores de três anos consecutivos. Lançado internacionalmente na Coréia em 2013, nos Estados Unidos em 2014 e aqui somente em 2015, é uma pérola de ficção científica que usa os clichês para invertê-los logo em seguida. Tudo em uma discussão sobre o valor das civilizações humanas diante dos nossos maiores defeitos. Lindo e disponível na Netflix.
Corrente do Mal: De longe um dos melhores filmes de terror dos últimos anos. Corrente do Mal subverte vários conceitos comuns do cinema do gênero para repensar os motivos conservadores que os criaram e criar novas reflexões acerca de questões mais atuais, como liberdade sexual e uma juventude despreparada para o mundo.
Malala: Documentários não são tratados no site com frequência. Raramente o gênero envolve linguagem cinematográfica para desenvolver narrativa, mas Malala é um bom exemplo de uma exceção. Divide três linhas de história com estruturas diferentes. Fica notável qual história é contada pelo estilo. Todas conduzem para uma conclusão final e bela. Merece ser descoberto e revisto.
Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força: Quem diria que um filme com o número 7 no título para indicar a quantidade de continuações poderia ser tão bom. Mesmo preso a rimas visuais ultrapassadas e com a obrigação de repetir um monte de estruturas antigas. A inovação está em como não apenas em como preenche esses quesitos, mas em conseguir emocionar com honestidade. Terceiro da lista com o Oscar Isaac.
Que Horas Ela Volta?: Normalmente não me meto a dizer qual é melhor que outro, mas neste ano em específico a diferença foi muito gritante com este sincero e cruel filme nacional. Porque a verdade dói, e ver a realidade de parte das estruturas sociais brasileiras expostas como neste filme é incômodo. Isso através de uma direção que pensa cada detalhe em cada enquadramento de forma a criticar as vidas das famílias brasileiras apenas aumenta o brilho do segundo melhor filme de 2015.
Mad Max – Estrada da Fúria: Esse é talvez o caso mais raro das listas de fim de ano. Mad Max – Estrada da Fúria é o único filme da história do blog que entrou nas duas listas positivas de restrospectivas. Não apenas isso, mas também é o melhor das duas. Consegue ser simples e complexo ao mesmo tempo. Extravagante e minimalista. Belo e feio. Sujo e… Bem, ele é só sujo. O grande valor do filme talvez seja a riqueza com a qual é construído. Seja nas várias analogias políticas, sociais, religiosas, econômicas, nas representações de personagens fortes e carismáticos sem precisar ser burro e preconceituoso. Todos os elementos narrativos servem a alguma coisa e encontram uma conclusão não apenas satisfatória, mas significativa. Ainda é divertido pra caramba ver o que talvez sejam as melhores cenas de ação em dez anos.
A princípio não era capaz de acreditar que 2015 tinha sido um bom ano em termos de cinema. Isso foi até perceber que esta lista contava com 13 filmes. E 13 ótimos filmes. Daqueles que merecem ser revistos diversas vezes. Como a lista estava muito extensa, guardamos outras pérolas que também merecem ser mencionadas. Entre elas estão Sicario, A Travessia, Entre Abelhas, Para Sempre Alice e Whiplash. Também merecem a assistida.
Por enquanto estamos na temporada de premiações de 2016, o que significa bons filmes com algumas exceções e lançamentos de começo de ano lá fora. A torcida fica para que o ano presenteie o mundo com ótimos filmes.
GERÔNIMOOOOOOO…
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